sábado, 10 de janeiro de 2015

Carl Jung e a Alquimia

"A alquimia representa a projeção de um drama ao mesmo tempo cósmico e espiritual em termos de laboratório. A opus magnum tinha duas finalidades: o resgate da alma humana e a salvação do cosmos... Esse é difícil e repleto de obstáculos; a opus alquímica é perigosa. Logo no começo, encontramos o 'dragão', o espírito ctônico, o 'diabo' ou, como os alquimistas o chamavam, o 'negrume', a nigredo, e esse encontro produz sofrimento... Na linguagem dos alquimistas, a matéria sofre até a nigredo desaparecer, quando a aurora será anunciada pela cauda do pavão (cauda pavonis) e um novo dia nascerá, a leukosis ou albedo. Mas nesse estado de 'brancura', não se vive, na verdadeira acepção da palavra; é uma espécie de estado ideal, abstrato. Para insuflar-lhe vida, deve ter 'sangue', deve possuir aquilo que o alquimistas chamam de rubedo a 'vermelhidão', da vida. Só a experiência total da vida pode transformar esse estado ideal de albedo num modo de existência plenamente humano. Só o sangue pode reanimar o glorioso estado de consciência em que o derradeiro vestígio de negrume é dissolvido, em que o diabo deixa de ter existência autônoma e se junta à profunda unidade da psique. Então, a opus magnum está concluída: a alma humana está completamente integrada."

Carl Jung, citado por Edinger em Anatomia da Psique.

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