sábado, 10 de janeiro de 2015

DIÁLOGOS COM CIENTISTAS E SÁBIOS - Reneé Weber

SELLON: Algumas pessoas, como Seyyed Nasr, o erudito islâmico, sustenta que você deve seguir a tradição na qual você nasceu porque mesmo que alguns indivíduos possam se sentir estranhos a ela, não obstante é o caminho certo para você, parte de sua herança cultural e espiritual.

GOVINDA: Eu penso que isto não faz sentido. Talvez seja verdadeiro que muitas pessoas sintam-se mais confortáveis dentro da tradição delas. Mas eu discordo que uma pessoa tenha que seguir a sua tradição. Se a pessoa não está convencida dela, não se deve segui-la.

WEBER: O oposto a Nasr seria Krishnamurti, que diz se você segue qualquer caminho você está perdido, por definição. Você não pode seguir tradição nenhuma; isto já envenena a fonte. O que você pensa sobre isto?

GOVINDA: Eu penso que Krishnamurti, que sempre fala do incondicionado, é uma das mais condicionadas pessoas no mundo. Ele é tão condicionado que simplesmente não consegue sair de seu próprio pensamento ou mesmo de seu próprio vocabulário. Ele ainda está influenciado pelas experiências de sua juventude e de sua infância; a sua trajédia é que ele não consegue desembaraçar-se delas. Ele é um homem inteligente, mas está sempre preso em seu pensamento circular; ele fica em volta da questão da eixstência e finalmente perde-se em pura abstração. Devo dizer que eu gosto de ouvir Krishnamurti falar; ele é um bom orador, perfeito e agradável. Mas quando eu saio da sua palestra, sinto que não ganhei nada. E verifiquei que ele rejeita mesmo aqueles que o tem apoiado, porque ele não deseja ser confrontado com as suas próprias idéias. Aliás, uma pessoa sem humor tem pouca sabedoria, e Krishnamurti carece totalmente de humor. Também, ele é impaciente com a mais ligeira contradição ou com a mais insignificante questão que não se adeque em seu sistema.



SELLON: Eu estou certa que ele rejeitaria a idéia de que ele tem um sistema.

GOVINDA: Sim, naturalmente. Mas na realidade ele tenta seguir muitos dos princípios do Budismo Zen, mesmo que ele diga que jamais leu algo disso em toda a sua vida. Não posso, entretanto, crer que isto seja verdade ou de que ele nunca ouviu a respeito do Zen.

WEBER: Ele afirma que qualquer tradição, qualquer caminho, ou mesmo qualquer idéia de um caminho ou ideal, coloca um obstáculo em seu caminho. Eu deduzo do que você está dizendo que você sente totalmente o oposto: que o caminho pode ser uma direção e nos ajudar.

GOVINDA: Sim, sem dúvida. Eu creio que Krishnamurti certamente se beneficiaria do estudo dos pensamentos de outras pessoas. Certamente ele compreenderia melhor. No meu entendimento, é uma espécie de auto engrandecimento dizer, "Ninguém me influenciou; eu sou eu integralmente." Nós todos somos muito influenciados por muitas pessoas; temos que ser gratos a muitas pessoas. Por que não admitir isso? Em vez de falar quanto a ser incondicionada, a pessoa deveria dizer, "Eu tenho que ser universamente condicionada", isto é, condicionada não por uma coisa ou umas poucas coisas, mas por todas as coisas. Todos nós somos condicionados. É melhor admitir isso. O engano ou a falha de muitas pessoas é que pensam apenas de um ou dois elementos que nos condicionam, não de um infinito condicionamento ao qual a vida nos sujeita. Mas se pudéssemos ver o conjunto de nosso condicionamento, então nós realmente seríamos maiores do que qualquer uma daquelas coisas. Nenhuma pessoa no mundo pode ser incondicionada. É impossível. Nem a pessoa desejaria ser. Porque esta idéia contradiz o conjunto da vida - torna-a sem significado e inválida. Certamente, deveríamos sempre almejar que nosso condicionamento seja pelo todo, que é infinito.

DIÁLOGOS COM CIENTISTAS E SÁBIOS - Reneé Weber

SELLON: Algumas pessoas, como Seyyed Nasr, o erudito islâmico, sustenta que você deve seguir a tradição na qual você nasceu porque mesmo que alguns indivíduos possam se sentir estranhos a ela, não obstante é o caminho certo para você, parte de sua herança cultural e espiritual.

GOVINDA: Eu penso que isto não faz sentido. Talvez seja verdadeiro que muitas pessoas sintam-se mais confortáveis dentro da tradição delas. Mas eu discordo que uma pessoa tenha que seguir a sua tradição. Se a pessoa não está convencida dela, não se deve segui-la.

WEBER: O oposto a Nasr seria Krishnamurti, que diz se você segue qualquer caminho você está perdido, por definição. Você não pode seguir tradição nenhuma; isto já envenena a fonte. O que você pensa sobre isto?

GOVINDA: Eu penso que Krishnamurti, que sempre fala do incondicionado, é uma das mais condicionadas pessoas no mundo. Ele é tão condicionado que simplesmente não consegue sair de seu próprio pensamento ou mesmo de seu próprio vocabulário. Ele ainda está influenciado pelas experiências de sua juventude e de sua infância; a sua tragédia é que ele não consegue desembaraçar-se delas. Ele é um homem inteligente, mas está sempre preso em seu pensamento circular; ele fica em volta da questão da existência e finalmente perde-se em pura abstração. Devo dizer que eu gosto de ouvir Krishnamurti falar; ele é um bom orador, perfeito e agradável. Mas quando eu saio da sua palestra, sinto que não ganhei nada. E verifiquei que ele rejeita mesmo aqueles que o tem apoiado, porque ele não deseja ser confrontado com as suas próprias idéias. Aliás, uma pessoa sem humor tem pouca sabedoria, e Krishnamurti carece totalmente de humor. Também, ele é impaciente com a mais ligeira contradição ou com a mais insignificante questão que não se adeque em seu sistema., Meditação criativa e Consciência Multi-Dimensional.


LAMA AGANARIKA GOVINDA, Meditação criativa e Consciência Multi-Dimensional.

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