sábado, 10 de janeiro de 2015

REENCARNAÇÃO


1. O SIGNIFICADO DA REENCARNAÇÃO:


Etimologicamente, ingresso repetido num invólucro físico ou carnal, implicando a existência de algo permanente.

A palavra “Metempsicose”, não se refere à habitação, mas ao trânsito do elemento psíquico (Alma), uma forma de existência que sobrevive ao corpo físico, ao qual estava unida durante a sua vida na terra.

REENCARNAÇÃO e METEMPSICOSE são palavras que determinam uma teoria da existência, segundo a qual uma forma de matéria visível é habitada por um princípio mais etéreo, que sobrevive ao seu invólucro físico, e que, logo a seguir à morte deste, ou após um pequeno intervalo, passa a habitar outro corpo.

A teoria da reencarnação afirma, pois, segundo a Filosofia Esotérica, a existência de um princípio vivo e individualizado que habita e vivifica o corpo do homem e que, por morte deste corpo, passa a outro após um intervalo mais ou menos longo. Deste modo as Vidas corporais sucessivas sucedem-se como pérolas num fio, sendo:

Este fio o Princípio vivo e
As pérolas as diferentes vidas humanas.

2. O QUE SE REENCARNA:

Passos da Evolução do Homem

A “Mônada” ou Atma-Buddhi é considerada como a “fonte de toda evolução, como a força impulsiva existente na origem de todas as coisas”.

A Vida Universal que é a “Força Propulsora da Evolução” - A Raiz de tudo o que existe que vai fazendo evoluir gradualmente, como manifestações suas, as várias formas que constituem o nosso mundo.

O Fio de Evolução no Princípio do Nosso Presente Estágio, quando o germe do que havia de vir a ser o homem apareceu como resultado de uma evolução prévia no nosso globo.

A forma física do que havia de vir a ser o homem foi-se desenvolvendo gradual e lentamente, passando por duas raças inteiras e metade de uma terceira, antes de a humanidade atingir o desenvolvimento completo, relativamente à sua natureza física ou animal.

Surge então, uma terceira linha de evolução, cuja meta era o homem. Esta linha era a da evolução Intelectual. Foi nessa altura que o homem se revestiu do “invólucro de pele”, depois de sua queda na matéria física, para poder saborear os frutos da Árvore do Conhecimento e assim se converterem em “um Deus”.

Este homem é o laço que liga o divino ao animal, que vimos sempre essencialmente relacionados, e ao mesmo tempo afastados de qualquer estreita comunhão. Estende uma mão Mônada divina, para o Espírito de quem descende, esforçando-se para assimilar essa natureza superior, essa essência mais pura, na aspiração de espiritualizar a inteligência, de volver o seu conhecimento em Sabedoria; e a outra mão, pousa-a sobre o animal, que é quem o há de levar à conquista dos planos inferiores, a fim de domá-lo e submeter ao seu próprio objeto, fazendo dele um instrumento perfeito para a manifestação da vida superior.

Árdua é a tarefa que tem diante de si: nada menos do que elevar o animal ao Divino, sublimar a matéria em Espírito, conduzir pelo lado ascendente do arco a vida que atravessou pelo lado descendente, e que deve agora subir levando consigo o fruto do seu longo exílio fora da sua verdadeira morada (na manifestação).

E por último tem que:

Tornar a unir os aspectos separados do Uno;
Levar o Espírito à consciência de si mesmo em todos os planos e
Levar a Matéria a ser a manifestação perfeita desse Espírito.

Tal é a sublime tarefa, cujo instrumento é a REENCARNAÇÃO.

E sendo o corpo físico, esse invólucro feito para seu serviço, ou seja, a serviço do Homem Espiritual – “O Pensador”, é natural e preciso que seja ele quem o subjugue e domine. Se nós tivéssemos adquirido o hábito de nos identificarmos mentalmente, não com a habitação carnal em que vivemos, mas com o verdadeiro Eu humano, que nele habita, a vida tornar-se-ia qualquer coisa de mais elevado e de mais sereno, e poderíamos sacudir as nossas penas e sofrimentos, com a mesma facilidade com que sacudimos o pó do nosso sapato; e compreenderíamos que a importância das coisas que nos acontecem não deve medir-se pela dose de desgosto ou prazer que causam ao corpo, mas sim pelo progresso ou retrocesso que determinam no Homem interno.

E visto que todas as coisas formam matéria para experiências e estas são objeto de lição para todos nós, deveríamos arrancar o espinho das nossas dores morais, esquecê-las buscando em cada uma a sabedoria nela encerrada, como as pétalas num botão. Vista a idéia à luz da reencarnação, a vida muda totalmente de aspecto; transforma-se numa escola para o Homem eterno que existe em nós e que lá procura o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento; escola do Homem que “foi, é e será, e para quem a hora nunca mais soará”.

O PENSADOR é:

O Homem;
O Indivíduo;
O Ego que se reencarna, e que este Ego trabalha por se unir à Mônada divina, ao mesmo tempo em que educa e purifica o Eu animal, a que está unido durante a Vida terrestre. Unido a esta Mônada divina, centelha da Vida Universal e dela inseparável, o Pensador torna-se Ego Espiritual no Homem divino.

Sendo a Mônada Universal e idêntica na infinita variedade dos seres, o que estritamente se reencarna é o Pensador, e mais nada; e é este Pensador como individualidade, que nos interessa.

Ora, neste Pensador residem todos os poderes que classificamos como pertencentes à Mente, ao Espírito. Nele estão:

A memória;
A intuição;
A vontade.

Junta todas as experiências da vida terrestre por que passa, armazena estes tesouros acumulados de conhecimento, e transmuta-os, dentro de si mesmo, por meio de sua própria alquimia divina, naquela essência da experiência e do conhecimento que se chama Sabedoria.

No Pensador está a nossa provisão de experiências amadurecidas em todas as vidas passadas, colhidas através de muitos renascimentos, herança de que participará fatalmente cada um de nós, logo que aprenda a erguer-se acima da escravidão dos sentidos e das tempestades e violências da vida terrestre, para a região mais pura, para o plano superior, onde reside o nosso Eu verdadeiro.

3. O QUE NÃO SE REENCARNA:

É necessário e imprescindível que o estudante de teosofia veja e compreenda claramente a diferença entre o Pensador e o Homem-Animal, cujo cérebro é, por assim dizer, o instrumento de que o Pensador é o executante; a confusão entre os dois tornaria incompreensível a doutrina da Reencarnação. Porque o que se reencarna é o Pensador e nunca o Homem-Animal.

O Homem-Animal nasce;
O Homem Verdadeiro enrosca-se nele;
O Homem Verdadeiro funciona por intermédio do Homem-Animal, encarnação após encarnação, permanecendo sempre uno.
O Homem-Animal ganha a imortalidade unindo-se ao seu Verdadeiro Eu.

Em cada reencarnação, é forjado um novo cérebro, ou seja, sem memória de algum passado, conseqüentemente não recordamos as encarnações passadas. À medida que este dificultoso trabalho se vai fazendo, o homem de carne acessível às influências dos planos superiores vai evolucionando gradualmente e à medida que o verdadeiro Eu aumenta o seu poder de ação sobre a habitação corporal, passarão pela consciência inferior como relâmpagos, vislumbres das encarnações anteriores, relâmpagos que se vão convertendo em visões permanentes, até que por fim se reconhece o passado como “próprio” por maio do fio ininterrupto da memória que dá o sentimento de individualidade.

Portanto, o hábito, “a túnica de pele”, o duplo etéreo, vitalidade, a natureza passional, não se reencarnam; os seus elementos pelo contrário desagregam-se, voltam a unir-se aos mundos inferiores a que pertencem. Tudo o que em uma encarnação era mais elevado passa com o Ego para um período de feliz repouso, até que se esgote o impulso que o fez sair da Vida terrestre e volte a cair sobre a terra.


4. O MÉTODO DA REENCARNAÇÃO:


Ordem Princípios:     Princípios em Sânscrito:   Ordem
   7º       Espírito Puro                Atma                            1º
   6º     Alma Espiritual              Buddhi                           2º
   5º           Pensador                 Manas                           3º
   4º  Natureza Emocional          Kâma                          4º
   3º          Vitalidade                 Prana                              5º
   2º Duplo Etéreo          Linga Sharira                       6º
   1º Corpo Físico          Sthula Sharira                      7º


O Pensador é o que se chama o Quinto Princípio do Homem; e este quinto princípio no microcosmo – no homem – corresponde ao Quinto Plano no macrocosmo – O Universo, fora do homem.

A Filosofia Esotérica parte de uma Substância primeira, da qual se formou o cosmo, que no estado de maior rarefação é Espírito, Energia, Força e no estado de maior densidade é Matéria Sólida, sendo todas as formas de todos os mundos feitas dessa Substância, agregadas em massas mais ou menos densas e dotada de mais ou menos Força.

Todo o mundo das formas, sejam elas sutis ou densas, provém e desenvolve-se à custa desta Força da Mente Universal, que agrega e desagrega os átomos, integra estes lhes dando forma, desintegra-os de novo, eleva e derruba, constrói e destrói, atrai e repele. Uma Força única para o Filósofo, muitas forças para o homem de ciência, mas, no fundo, uma na sua essência, múltipla nas suas manifestações. Assim, do quinto plano vêm todas as criações de formas.

Chegada à hora da morte, os corpos mais sutis abandonam o corpo físico; o Linga Sharira desprende-se gradualmente à medida que o invólucro físico se decompõe.  O corpo de pensamento, que resulta da última vida, persiste durante um tempo considerável e passa por vários processos de maturação de experiências, assimilação de pensamentos muito diferenciados..., até que, transmitindo os resultados dessas experiências ao corpo causal, desintegra-se por sua vez. Aproximando-se o período da Reencarnação, o corpo causal ou Ego que se reencarna, constrói um novo corpo mental e um novo corpo astral, enquanto os Senhores do Karma lhe fornece um molde, segundo a expressão o Karma que há de cumprir-se, molde segundo o qual se constrói finalmente o duplo etéreo. Visto que o cérebro, paralelamente com o corpo físico, se forma sob este molde astral, este cérebro é, pela sua estrutura, a expressão física embora imperfeita das qualidades e hábitos mentais do ser humano em via de encarnar-se, o veículo físico apropriado para o exercício das faculdades que a sua experiência lhe permite então manifestar no plano físico.

5. OBJETO DA REENCARNAÇÃO:

O objeto da Reencarnação é educar o Homem-Animal até ele se converter no instrumento perfeito do Divino, e que o agente desta educação é o Ego, o “Eu” individual e imortal – não pessoal, em resumo, o veículo da MÔNADA Atma-Buddhi, aquele que é recompensado no Devachan e punido na Terra e, finalmente aquele ao qual se vincula somente o reflexo dos skandhas, ou atributos de cada encarnação. Este é o que se reencarna.

O que são Skandhas?

São “faces” ou grupos de atributos; toda coisa finita, inaplicável ao eterno e ao absoluto. Em todo ser vivo há cinco – esotericamente sete - atributos conhecidos com o nome de Pañcha Skandhas e são:

1. Forma (rupa);
2. Percepção (vidãna);
3. Consciência (sañjñâ);
4. Ação (sanskara) e
5. Conhecimento (vidyâna).

Estes skandhas juntam-se ao nascimento do homem e constituem sua personalidade.

Skandhas são atributos cuja agregação constitui a personalidade, isto é, os atributos de cada personalidade, que, depois da morte, formam a base, por assim dizer, para uma nova reencarnação kármica.

Os skandhas são os germes da vida em todos os sete planos do ser e constituem a totalidade do homem subjetivo e objetivo. Cada vibração que produzimos é um Skandha. Os Skandhas estão às pinturas da Luz Astral, que é o meio ambiente das impressões, e os Skandhas ou vibrações relacionadas com o homem subjetivo ou objetivo, são os vínculos que atraem o Ego que se reencarna, os germes deixados atrás, quando este Ego entra no Devachan e que hão de ser recolhidos outra vez e esgotados por uma nova personalidade. Uma mudança mental ou vislumbre da verdade espiritual pode rapidamente converter um homem à verdade, até mesmo na hora de sua morte, criando assim bons skandhas para a próxima vida.

Os últimos atos ou pensamentos do homem produzem um efeito enorme sobre sua vida futura, porém teria ainda de sofrer por suas culpas e esta é à base da idéia de um arrependimento à hora da morte ou última hora. Porém os efeitos kármicos da vida passada devem continuar, porque o homem em seu novo nascimento, vai colher as impressões vibratórias deixadas na Luz Astral.

Os Skandhas são Kármicos e não-Kármicos. Podem produzir Elementais por um Kriyâsakti inconsciente. Cada Elemental lançado pelo homem há de voltar a ele cedo ou tarde, uma vez que é sua própria vibração. Os Elementais são pensamentos encarnados, bons ou maus; permanecem cristalizados na Luz Astral e são novamente atraídos à vida, quando aquele que os originou volta à vida terrestre. Os Elementais são como uma enfermidade e, portanto um perigo tanto para quem os produziu como para os demais (Doutrina Secreta, III, 587-588)

O que são Memória, Lembranças, Recordações, Reminiscências e Pensamentos?

Memória: é física e evanescente, depende do bom funcionamento do cérebro físico, é uma máquina de gravação, um registro que muito facilmente de desorganiza;
Lembranças: atributos e servidores da memória;
Recordações: atributos e servidores da memória;
Reminiscências: são as memórias da alma e é essa memória que dá a certeza a quase todos os seres humanos, compreendam eles ou não, de terem vivido antes e terem de viver novamente;
Pensamentos: São eternos e imperecíveis

6. CAUSAS DA REENCARNAÇÃO:

A casa da reencarnação, assim como a de qualquer manifestação , seja ela qual for, é o desejo da vida ativa, a sede de existência senciente.

A Lei de Periodicidade, como os fatos de alternância, tais como:

O dia e a noite;
A vida e a morte;
O sono e a vigília;
O fluxo e o refluxo;
A sístole e a diástole do Coração do Cosmo (ritmos)...

A razão escapa-nos a compreensão, não podemos dizer por que é que as coisas são assim; sabemos apenas que são.

“A vida inteira muda de aspecto logo que a Reencarnação se converte numa convicção arraigada e profunda, acima de discussões e de argumentos. Cada dia da vida não passa de uma página do grande drama da existência; cada pesar é apenas a sombra veloz de uma nuvem passageira; cada alegria é simplesmente um raio momentâneo do sol refletido num espelho móvel; cada morte uma mera mudança de uma casa arruinada. A força de uma eterna mocidade começa lentamente a ingerir-se na vida que desperta; a calma de uma serenidade imensa vai amadurecendo por cima das ondas agitadas do pensamento humano; a glória radiosa da Inteligência imortal atravessa as nuvens opacas e densas da matéria, e a Paz imperecível, que nada fez agir, espalha a sua alvura imaculada sobre o espírito triunfante.

De pináculo em pináculo, as alturas espirituais vão-se erguendo do éter ilimitado, passos que ascendem no azul incomensurável, e se desvanecem na distância infinita que vela o Futuro imenso e além de toda imaginação, mesmo para o espírito alado do Homem.

E então, cego pelo deslumbramento da luz, envolto numa esperança demasiado profunda para ser alegre demasiado certa para ser triunfante demasiado grande para ser pronunciado, o Homem entra na consciência do Absoluto, perante o qual a nossa consciência é como inconsciência, até que a Eternidade vibre de novo ao clarim da alvorada: Avança, porque o dia de Brahma está na aurora e a nova Ronda começa a agir”.

ANNIE BESANT, A Reencarnação.

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