sábado, 10 de janeiro de 2015

Vídeo Documentário: Meat The Truth - Uma verdade mais que inconveniente - legendado


Documentário e apresentação stand-up, apresentado pela bonita deputada e ativista holandesa Marianne Thieme, foi bem-sucedido ao preencher a enorme lacuna que Al Gore deixou no seu Uma Verdade Inconveniente: a participação mais que relevante da pecuária nas mudanças climáticas que estão castigando o mundo.

Para dar comprovação aos dados mostrados, Marianne citou o estudo da FAO -- Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação -- que mostravam a pecuária como maior vilã do clima global. Com o devido embasamento, muitos pontos muito interessantes foram abordados com competência, tais como: Como é esse impacto tão grande da pecuária sobre o clima? Tornar-se vegetariano/a, ou deixar de comer carne um ou mais dias por semana, faz alguma diferença? Por que Al Gore convenientemente omitiu a pecuária na sua "verdade inconveniente"? Por que os governos são coniventes com o impacto ambiental dessa atividade?

Os principais pontos que a deputada holandesa mostrou em relação ao impacto ambiental pecuário foram a produção de metano, um gás-estufa muito mais poderoso que o gás carbônico, e o desmatamento de florestas como a Amazônia.

Como todo bom documentário apresentador da alternativa vegetariana de alimentação, mostrou diversos fatores relativos à crueldade nas fazendas-fábrica, principalmente a debicagem de aves e o confinamento intensivo dos animais. Fez também o favor de reexibir o The Meatrix, aquela paródia de Matrix em que os personagens são bichos de espécies exploradas pela indústria de alimentos de origem animal.

Também deu a oportunidade de participação ao PETA e à Humane Society, além de mostrar a história do "Mad Cowboy", um ex-pecuarista que, depois de décadas na indústria da exploração animal, aprendeu a respeitar os animais e tornou-se vegetariano completo e militante pelos Direitos Animais.

Num dado momento, Marianne imitou propositalmente Al Gore e subiu numa plataforma para mostrar um gráfico que mostrava quanto a indústria da carne ameaça crescer nos próximos 40 anos se o consumo continuar aumentando como hoje.

Vídeo Documentário: Os terráqueos


O filme mostra como funcionam as fazendas industriais e relata a dependência da humanidade sobre os animais para obter alimentação, vestuário e diversão, além do uso em experimentos científicos.

Vídeo Documentário: A carne é Fraca


A CARNE É FRACA - Melhor documentário já realizado no Brasil sobre o consumo da carne e suas conseqüências, é essencial para aqueles que buscam informações sobre o assunto e uma arma para os defensores dos animais. 

REENCARNAÇÃO


1. O SIGNIFICADO DA REENCARNAÇÃO:


Etimologicamente, ingresso repetido num invólucro físico ou carnal, implicando a existência de algo permanente.

A palavra “Metempsicose”, não se refere à habitação, mas ao trânsito do elemento psíquico (Alma), uma forma de existência que sobrevive ao corpo físico, ao qual estava unida durante a sua vida na terra.

REENCARNAÇÃO e METEMPSICOSE são palavras que determinam uma teoria da existência, segundo a qual uma forma de matéria visível é habitada por um princípio mais etéreo, que sobrevive ao seu invólucro físico, e que, logo a seguir à morte deste, ou após um pequeno intervalo, passa a habitar outro corpo.

A teoria da reencarnação afirma, pois, segundo a Filosofia Esotérica, a existência de um princípio vivo e individualizado que habita e vivifica o corpo do homem e que, por morte deste corpo, passa a outro após um intervalo mais ou menos longo. Deste modo as Vidas corporais sucessivas sucedem-se como pérolas num fio, sendo:

Este fio o Princípio vivo e
As pérolas as diferentes vidas humanas.

2. O QUE SE REENCARNA:

Passos da Evolução do Homem

A “Mônada” ou Atma-Buddhi é considerada como a “fonte de toda evolução, como a força impulsiva existente na origem de todas as coisas”.

A Vida Universal que é a “Força Propulsora da Evolução” - A Raiz de tudo o que existe que vai fazendo evoluir gradualmente, como manifestações suas, as várias formas que constituem o nosso mundo.

O Fio de Evolução no Princípio do Nosso Presente Estágio, quando o germe do que havia de vir a ser o homem apareceu como resultado de uma evolução prévia no nosso globo.

A forma física do que havia de vir a ser o homem foi-se desenvolvendo gradual e lentamente, passando por duas raças inteiras e metade de uma terceira, antes de a humanidade atingir o desenvolvimento completo, relativamente à sua natureza física ou animal.

Surge então, uma terceira linha de evolução, cuja meta era o homem. Esta linha era a da evolução Intelectual. Foi nessa altura que o homem se revestiu do “invólucro de pele”, depois de sua queda na matéria física, para poder saborear os frutos da Árvore do Conhecimento e assim se converterem em “um Deus”.

Este homem é o laço que liga o divino ao animal, que vimos sempre essencialmente relacionados, e ao mesmo tempo afastados de qualquer estreita comunhão. Estende uma mão Mônada divina, para o Espírito de quem descende, esforçando-se para assimilar essa natureza superior, essa essência mais pura, na aspiração de espiritualizar a inteligência, de volver o seu conhecimento em Sabedoria; e a outra mão, pousa-a sobre o animal, que é quem o há de levar à conquista dos planos inferiores, a fim de domá-lo e submeter ao seu próprio objeto, fazendo dele um instrumento perfeito para a manifestação da vida superior.

Árdua é a tarefa que tem diante de si: nada menos do que elevar o animal ao Divino, sublimar a matéria em Espírito, conduzir pelo lado ascendente do arco a vida que atravessou pelo lado descendente, e que deve agora subir levando consigo o fruto do seu longo exílio fora da sua verdadeira morada (na manifestação).

E por último tem que:

Tornar a unir os aspectos separados do Uno;
Levar o Espírito à consciência de si mesmo em todos os planos e
Levar a Matéria a ser a manifestação perfeita desse Espírito.

Tal é a sublime tarefa, cujo instrumento é a REENCARNAÇÃO.

E sendo o corpo físico, esse invólucro feito para seu serviço, ou seja, a serviço do Homem Espiritual – “O Pensador”, é natural e preciso que seja ele quem o subjugue e domine. Se nós tivéssemos adquirido o hábito de nos identificarmos mentalmente, não com a habitação carnal em que vivemos, mas com o verdadeiro Eu humano, que nele habita, a vida tornar-se-ia qualquer coisa de mais elevado e de mais sereno, e poderíamos sacudir as nossas penas e sofrimentos, com a mesma facilidade com que sacudimos o pó do nosso sapato; e compreenderíamos que a importância das coisas que nos acontecem não deve medir-se pela dose de desgosto ou prazer que causam ao corpo, mas sim pelo progresso ou retrocesso que determinam no Homem interno.

E visto que todas as coisas formam matéria para experiências e estas são objeto de lição para todos nós, deveríamos arrancar o espinho das nossas dores morais, esquecê-las buscando em cada uma a sabedoria nela encerrada, como as pétalas num botão. Vista a idéia à luz da reencarnação, a vida muda totalmente de aspecto; transforma-se numa escola para o Homem eterno que existe em nós e que lá procura o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento; escola do Homem que “foi, é e será, e para quem a hora nunca mais soará”.

O PENSADOR é:

O Homem;
O Indivíduo;
O Ego que se reencarna, e que este Ego trabalha por se unir à Mônada divina, ao mesmo tempo em que educa e purifica o Eu animal, a que está unido durante a Vida terrestre. Unido a esta Mônada divina, centelha da Vida Universal e dela inseparável, o Pensador torna-se Ego Espiritual no Homem divino.

Sendo a Mônada Universal e idêntica na infinita variedade dos seres, o que estritamente se reencarna é o Pensador, e mais nada; e é este Pensador como individualidade, que nos interessa.

Ora, neste Pensador residem todos os poderes que classificamos como pertencentes à Mente, ao Espírito. Nele estão:

A memória;
A intuição;
A vontade.

Junta todas as experiências da vida terrestre por que passa, armazena estes tesouros acumulados de conhecimento, e transmuta-os, dentro de si mesmo, por meio de sua própria alquimia divina, naquela essência da experiência e do conhecimento que se chama Sabedoria.

No Pensador está a nossa provisão de experiências amadurecidas em todas as vidas passadas, colhidas através de muitos renascimentos, herança de que participará fatalmente cada um de nós, logo que aprenda a erguer-se acima da escravidão dos sentidos e das tempestades e violências da vida terrestre, para a região mais pura, para o plano superior, onde reside o nosso Eu verdadeiro.

3. O QUE NÃO SE REENCARNA:

É necessário e imprescindível que o estudante de teosofia veja e compreenda claramente a diferença entre o Pensador e o Homem-Animal, cujo cérebro é, por assim dizer, o instrumento de que o Pensador é o executante; a confusão entre os dois tornaria incompreensível a doutrina da Reencarnação. Porque o que se reencarna é o Pensador e nunca o Homem-Animal.

O Homem-Animal nasce;
O Homem Verdadeiro enrosca-se nele;
O Homem Verdadeiro funciona por intermédio do Homem-Animal, encarnação após encarnação, permanecendo sempre uno.
O Homem-Animal ganha a imortalidade unindo-se ao seu Verdadeiro Eu.

Em cada reencarnação, é forjado um novo cérebro, ou seja, sem memória de algum passado, conseqüentemente não recordamos as encarnações passadas. À medida que este dificultoso trabalho se vai fazendo, o homem de carne acessível às influências dos planos superiores vai evolucionando gradualmente e à medida que o verdadeiro Eu aumenta o seu poder de ação sobre a habitação corporal, passarão pela consciência inferior como relâmpagos, vislumbres das encarnações anteriores, relâmpagos que se vão convertendo em visões permanentes, até que por fim se reconhece o passado como “próprio” por maio do fio ininterrupto da memória que dá o sentimento de individualidade.

Portanto, o hábito, “a túnica de pele”, o duplo etéreo, vitalidade, a natureza passional, não se reencarnam; os seus elementos pelo contrário desagregam-se, voltam a unir-se aos mundos inferiores a que pertencem. Tudo o que em uma encarnação era mais elevado passa com o Ego para um período de feliz repouso, até que se esgote o impulso que o fez sair da Vida terrestre e volte a cair sobre a terra.


4. O MÉTODO DA REENCARNAÇÃO:


Ordem Princípios:     Princípios em Sânscrito:   Ordem
   7º       Espírito Puro                Atma                            1º
   6º     Alma Espiritual              Buddhi                           2º
   5º           Pensador                 Manas                           3º
   4º  Natureza Emocional          Kâma                          4º
   3º          Vitalidade                 Prana                              5º
   2º Duplo Etéreo          Linga Sharira                       6º
   1º Corpo Físico          Sthula Sharira                      7º


O Pensador é o que se chama o Quinto Princípio do Homem; e este quinto princípio no microcosmo – no homem – corresponde ao Quinto Plano no macrocosmo – O Universo, fora do homem.

A Filosofia Esotérica parte de uma Substância primeira, da qual se formou o cosmo, que no estado de maior rarefação é Espírito, Energia, Força e no estado de maior densidade é Matéria Sólida, sendo todas as formas de todos os mundos feitas dessa Substância, agregadas em massas mais ou menos densas e dotada de mais ou menos Força.

Todo o mundo das formas, sejam elas sutis ou densas, provém e desenvolve-se à custa desta Força da Mente Universal, que agrega e desagrega os átomos, integra estes lhes dando forma, desintegra-os de novo, eleva e derruba, constrói e destrói, atrai e repele. Uma Força única para o Filósofo, muitas forças para o homem de ciência, mas, no fundo, uma na sua essência, múltipla nas suas manifestações. Assim, do quinto plano vêm todas as criações de formas.

Chegada à hora da morte, os corpos mais sutis abandonam o corpo físico; o Linga Sharira desprende-se gradualmente à medida que o invólucro físico se decompõe.  O corpo de pensamento, que resulta da última vida, persiste durante um tempo considerável e passa por vários processos de maturação de experiências, assimilação de pensamentos muito diferenciados..., até que, transmitindo os resultados dessas experiências ao corpo causal, desintegra-se por sua vez. Aproximando-se o período da Reencarnação, o corpo causal ou Ego que se reencarna, constrói um novo corpo mental e um novo corpo astral, enquanto os Senhores do Karma lhe fornece um molde, segundo a expressão o Karma que há de cumprir-se, molde segundo o qual se constrói finalmente o duplo etéreo. Visto que o cérebro, paralelamente com o corpo físico, se forma sob este molde astral, este cérebro é, pela sua estrutura, a expressão física embora imperfeita das qualidades e hábitos mentais do ser humano em via de encarnar-se, o veículo físico apropriado para o exercício das faculdades que a sua experiência lhe permite então manifestar no plano físico.

5. OBJETO DA REENCARNAÇÃO:

O objeto da Reencarnação é educar o Homem-Animal até ele se converter no instrumento perfeito do Divino, e que o agente desta educação é o Ego, o “Eu” individual e imortal – não pessoal, em resumo, o veículo da MÔNADA Atma-Buddhi, aquele que é recompensado no Devachan e punido na Terra e, finalmente aquele ao qual se vincula somente o reflexo dos skandhas, ou atributos de cada encarnação. Este é o que se reencarna.

O que são Skandhas?

São “faces” ou grupos de atributos; toda coisa finita, inaplicável ao eterno e ao absoluto. Em todo ser vivo há cinco – esotericamente sete - atributos conhecidos com o nome de Pañcha Skandhas e são:

1. Forma (rupa);
2. Percepção (vidãna);
3. Consciência (sañjñâ);
4. Ação (sanskara) e
5. Conhecimento (vidyâna).

Estes skandhas juntam-se ao nascimento do homem e constituem sua personalidade.

Skandhas são atributos cuja agregação constitui a personalidade, isto é, os atributos de cada personalidade, que, depois da morte, formam a base, por assim dizer, para uma nova reencarnação kármica.

Os skandhas são os germes da vida em todos os sete planos do ser e constituem a totalidade do homem subjetivo e objetivo. Cada vibração que produzimos é um Skandha. Os Skandhas estão às pinturas da Luz Astral, que é o meio ambiente das impressões, e os Skandhas ou vibrações relacionadas com o homem subjetivo ou objetivo, são os vínculos que atraem o Ego que se reencarna, os germes deixados atrás, quando este Ego entra no Devachan e que hão de ser recolhidos outra vez e esgotados por uma nova personalidade. Uma mudança mental ou vislumbre da verdade espiritual pode rapidamente converter um homem à verdade, até mesmo na hora de sua morte, criando assim bons skandhas para a próxima vida.

Os últimos atos ou pensamentos do homem produzem um efeito enorme sobre sua vida futura, porém teria ainda de sofrer por suas culpas e esta é à base da idéia de um arrependimento à hora da morte ou última hora. Porém os efeitos kármicos da vida passada devem continuar, porque o homem em seu novo nascimento, vai colher as impressões vibratórias deixadas na Luz Astral.

Os Skandhas são Kármicos e não-Kármicos. Podem produzir Elementais por um Kriyâsakti inconsciente. Cada Elemental lançado pelo homem há de voltar a ele cedo ou tarde, uma vez que é sua própria vibração. Os Elementais são pensamentos encarnados, bons ou maus; permanecem cristalizados na Luz Astral e são novamente atraídos à vida, quando aquele que os originou volta à vida terrestre. Os Elementais são como uma enfermidade e, portanto um perigo tanto para quem os produziu como para os demais (Doutrina Secreta, III, 587-588)

O que são Memória, Lembranças, Recordações, Reminiscências e Pensamentos?

Memória: é física e evanescente, depende do bom funcionamento do cérebro físico, é uma máquina de gravação, um registro que muito facilmente de desorganiza;
Lembranças: atributos e servidores da memória;
Recordações: atributos e servidores da memória;
Reminiscências: são as memórias da alma e é essa memória que dá a certeza a quase todos os seres humanos, compreendam eles ou não, de terem vivido antes e terem de viver novamente;
Pensamentos: São eternos e imperecíveis

6. CAUSAS DA REENCARNAÇÃO:

A casa da reencarnação, assim como a de qualquer manifestação , seja ela qual for, é o desejo da vida ativa, a sede de existência senciente.

A Lei de Periodicidade, como os fatos de alternância, tais como:

O dia e a noite;
A vida e a morte;
O sono e a vigília;
O fluxo e o refluxo;
A sístole e a diástole do Coração do Cosmo (ritmos)...

A razão escapa-nos a compreensão, não podemos dizer por que é que as coisas são assim; sabemos apenas que são.

“A vida inteira muda de aspecto logo que a Reencarnação se converte numa convicção arraigada e profunda, acima de discussões e de argumentos. Cada dia da vida não passa de uma página do grande drama da existência; cada pesar é apenas a sombra veloz de uma nuvem passageira; cada alegria é simplesmente um raio momentâneo do sol refletido num espelho móvel; cada morte uma mera mudança de uma casa arruinada. A força de uma eterna mocidade começa lentamente a ingerir-se na vida que desperta; a calma de uma serenidade imensa vai amadurecendo por cima das ondas agitadas do pensamento humano; a glória radiosa da Inteligência imortal atravessa as nuvens opacas e densas da matéria, e a Paz imperecível, que nada fez agir, espalha a sua alvura imaculada sobre o espírito triunfante.

De pináculo em pináculo, as alturas espirituais vão-se erguendo do éter ilimitado, passos que ascendem no azul incomensurável, e se desvanecem na distância infinita que vela o Futuro imenso e além de toda imaginação, mesmo para o espírito alado do Homem.

E então, cego pelo deslumbramento da luz, envolto numa esperança demasiado profunda para ser alegre demasiado certa para ser triunfante demasiado grande para ser pronunciado, o Homem entra na consciência do Absoluto, perante o qual a nossa consciência é como inconsciência, até que a Eternidade vibre de novo ao clarim da alvorada: Avança, porque o dia de Brahma está na aurora e a nova Ronda começa a agir”.

ANNIE BESANT, A Reencarnação.

O EU REAL – ALÉM DAS APARÊNCIAS



Você, que desceu à Terra para mais uma experiência no corpo, jamais deixou de ser um cidadão do universo. Sua verdadeira natureza não é desse ou daquele lugar, mas do infinito. Sua casa é no coração do Todo e tudo que vive é seu próximo.

Você pode lembrar-se de muitas vidas, em diversos lugares, mas você é uma consciência espiritual, que não nasce nem morre, só entra e sai dos corpos perecíveis.
Você tem cara de gente, mas o seu rosto espiritual tem a cara da luz.

Você deita o corpo físico no leito, diariamente, mas não fica dentro dele, mesmo que nem saiba disso. Enquanto a natureza faz o seu trabalho de regeneração do veículo denso, você, o eu real, se desprende para fora dele e viaja com o corpo sutil pelos planos extrafísicos, encontra seus amigos astrais e realiza atividades de estudo e trabalho, naquelas moradas além da Terra. E, quando volta ao corpo, nem se lembra disso.

No entanto, dentro ou fora do corpo, é você mesmo o tempo todo.

Quando você rememora vivências de outras vidas na carne, isso ainda é um evento menor. Na verdade, você precisa se lembrar mesmo é de algo a mais, além das lembranças de vidas passadas – muitas vezes, cheias de condicionamentos limitantes e coisas mal resolvidas. 

Você precisa se lembrar das cidades astrais e dos sítios extrafísicos, para perceber que veio de outros planos e que é um SER DE LUZ, um viajante eterno, e que nada pode limitar o seu progresso ou condicioná-lo a este ou àquele corpo - ou àquela vida ou situação específica.

Você carrega o fogo estelar em seu peito. Você não é branco, negro, amarelo ou vermelho. Você é da raça da LUZ! Você é parceiro das estrelas, sempre foi...

No momento, você está hospedado num corpo denso emprestado pela Mãe Terra. Então, agradeça a Ela pela oportunidade de aprender algo bom enquanto na carne. E trate corretamente o veículo de argila que Ela lhe emprestou. Tenha respeito e admiração por quem o recebe e o ajuda em sua evolução.

Porém, jamais se esqueça de sua verdadeira natureza espiritual.
Mantenha os pés no chão, mas permaneça ligado ao Alto, de onde vêm suas melhores inspirações. Respeite o caminho terrestre, por onde for, mas não perca o brilho estelar dos seus olhos, nem deixe as coisas do mundo bloquearem sua luz.

Da mesma forma que o barco pode entrar no rio, mas o rio não pode entrar nele – pois afundaria –, entre no mundo, mas não deixe as coisas do mundo afundarem o seu barco espiritual e afogarem a sua lucidez. Viva o que tem que ser vivido, mas sem perder o discernimento e a luz do espírito por causa disso.

Você é mais do que imagina. E, se concentrar melhor sua atenção, desbloqueará diversos de seus potencias adormecidos. Se resolver melhorar, melhorará!

Mas nada acontece da noite para o dia. Tudo demanda esforço e paciência, e a ansiedade com qualquer resultado a curto prazo, com certeza, envenenará seus melhores propósitos. Apenas estude e trabalhe da melhor forma possível, sem preocupações com resultados ou condições. O seu esforço correto o levará a prestar atenção em algo a mais, na vida e em você mesmo. E isso é um tipo de melhoria.

Você é um cidadão do universo. Sempre foi, e sempre será...


Lembre-se disso!

As Três Verdades Absolutas

Trecho de um Livro Clássico da Literatura Teosófica



"Há três verdades que são absolutas e não podem ser perdidas, mas podem permanecer em silêncio por falta de palavras.

A alma humana é imortal, e o seu futuro é o futuro de algo cujo crescimento e esplendor não têm limites.

O princípio que dá vida está dentro e fora de nós; ele não morre e é eternamente benéfico. Ele não é visto nem ouvido, nem cheirado, mas é percebido pelo homem que deseja a percepção.

Cada homem é absolutamente seu próprio legislador, dispensador da glória ou da desgraça para si mesmo; e decreta sua própria vida, sua recompensa, sua punição.

Estas verdades, que são tão grandes quanto à própria vida, são simples com a mente do mais simples dos homens. Alimente os famintos com elas."




[Traduzido de “The Idyll of the of the White Lotus”, de Mabel Collins, Quest Books, 1974, 142 pp., ver página 114.]


Sinopse: O Jovem Indiana Jones The Young Indiana Jones Chronicles (1991) Criada em 1991 pelo cineasta e produtor George Lucas, a série de TV "O Jovem Indiana Jones" (exibida nos Estados Unidos pela ABC e no Brasil pela Rede Globo) tinha como objetivos mostrar a infância e adolescência do herói.

Neste episódio, viaja a Índia e conhece sua cultura, inclusive a Sociedade Teosófica, faz amizade com Krishnamurti, tornando-se grandes amigos.

O Caminho do Discipulado

Na Escola dos Philaletheus (Amantes da Verdade) de Alexandria


“A Doutrina Secreta” descreve a Escola dos Philaletheus de Alexandria como uma das Fraternidades Iniciáticas pós-cristãs, fundada por Ammonius Saccas, com os seguintes objetivos:

1  -   Os Discípulos estavam organizados em graus ou níveis de progressiva aprendizagem, sujeitos ao sigilo a que se obrigavam por juramento.


2 -   A metodologia dos Philaletheus visava: a) exaltação da mente por meio de exercícios contemplativos; b) a mortificação ou repressão dos vícios e paixões; c) sobriedade (DS, V, 285 – 295).

3 -  Registra, também, como Iniciados Philaletheus alguns nomes de personagens que exerceram grande influência no pensamento cristão. Assinala a traição de alguns deles que quebraram o juramento de sigilo ao transmitirem os conhecimentos a pessoas desqualificadas de que resultaria, mais tarde, perseguição a outros membros e o fim da própria Escola.

   4 - Assegura, também, que a Sociedade Teosófica é a sucessora daquela Academia.




Na Sociedade Teosófica

1 - Como sucessora da Escola Iniciática dos Philaletheus a Sociedade Teosófica, dentro dos subsídios ofertados pela obra “A Doutrina Secreta”, oferece aos seus membros: a) a possibilidade de obter a Iniciação Teórica do Ocultismo mediante o estudo perseverante e comparado da Ciência, Filosofia e Religião; b) a Iniciação Prática Individual mediante exercícios de meditação que possibilitem ultrapassar os limites formais do cérebro; c) Iniciação Teórica e Prática em grupo, cujo possível instrumento seja a denominada Seção Esotérica fundada por H.P.B. a pedido dos seus Discípulos mais próximos para maior aprofundamento no estudo.


2 - O Caminho do Discipulado está aberto em várias outras Escolas Orientais e Ocidentais. Entre as Ocidentais, registra H.P.B. a Maçonaria com observância dos manuscritos de Ragon cuja posse está no Grande Oriente da França; a própria Igreja Católica que detém muitos documentos de magia e ocultismo, mediante a celebração dos seus ritos e mistérios; as inúmeras Escolas da Mão Esquerda. 

O símbolo da Sociedade Teosófica




O símbolo da Sociedade Teosófica é uma perfeita equação algébrica com todos os termos expressos encerrando uma infinidade de valores, representando a intenção da Teosofia de redimir a humanidade da miséria, aflição e pecado, frutos da ignorância, causa de todo mal.

     Este sinal, a sílaba sagrada AUM, em sânscrito, é a representação gráfica e sonora (OM) do mistério do PRÍNCIPIO UNO, manifestado em seus três aspectos - A Trindade. A letra "A" representa o nome de Vishnu (O Preservador); "U", o nome de Shiva (O Destruidor), e M, o de Brahmâ (O Criador); é o nome místico da Divindade, a palavra mais sagrada de todas na Índia, a expressão laudatória ou glorificadora com que começam os Vedas e todos os livros sagrados ou místicos.

                    Todas as grandes religiões falam da Trindade embora dando nomes diferentes. Assim, por exemplo, no Cristianismo, são: PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO; na Teosofia: 1º, 2º e 3º LOGOS.

                    Os dois triângulos equiláteros entrelaçados simbolizam o Universo como dualidade Espírito - Matéria. O de vértice para cima é o do Fogo, Espírito ou Pai; o de vértice para baixo é o da Água, Matéria ou Mãe.

                    Os lados do triângulo do Fogo, entre outras coisas significam Existência, Consciência e Bem-Aventurança; os do triângulo da Água significam as três características da Matéria: Inércia, Movimento e Equilíbrio.

“A Escada de Ouro” por H. P. Blavatsky





Vida limpa, mente aberta, coração puro; intelecto ardente, clara percepção espiritual, afeto fraternal para com todos, presteza para dar e receber conselho e instrução.

Leal senso de dever para com o Instrutor, pronta obediência aos preceitos da verdade, uma vez que pusemos nossa confiança nesse Instrutor e cremos que Ele está de posse dela.

Corajoso suportar das injustiças pessoais, destemida declaração de princípios, valente defesa daqueles que são injustamente atacados, e mira constante nos ideais de progresso e perfeição humanos, que a Ciência Secreta revela.

EIS A ESCADA DE OURO POR CUJOS DEGRAUS, PODE O ESTUDANTE GALGAR O TEMPLO DA SABEDORIA DIVINA.

No Limiar de Uma Nova Era

Joszi Arpad Koppay (1859-1927)

“Assim, ao invés de andarmos mendigando o auxílio de entes encarnados ou desencarnados, ou trocando de sistemas ou religiões, volvamos para o nosso interior e procuremos ver em que ponto estamos falhando. Uma vez descoberto esse ponto, retifiquemos corajosamente nossa conduta passando a cumprir retamente o nosso Dharma e seguir aquela diretriz que tem sido o apanágio dos Grandes Seres, e então veremos acrescidas nossas energias interiores, perceberemos que as nossas faculdades superiores começaram a acordar e que as nossas energias internas florescem e produzem cada vez mais. E muitas dificuldades que antes existiam devidas ao nosso estado de ignorância, desaparecerão como que milagrosamente. A vida se nos tornará completamente diferente, unicamente porque somos honestos e sinceros para com os nossos princípios, puros nas motivação ou intenções e porque encarnamos exatamente o espírito, o Dharma do esoterista, o qual consiste em desenvolver todos os poderes internos (virtudes), não só em fortalecer a mente e os pensamentos, mas também em ampliar mais e mais o amor, a simpatia e desenvolver o sentimento de serviço à humanidade”.

Texto de Joaquim Gervásio de Figueiredo, No Limiar de Uma Nova Era.

Última mensagem de Blavatsky aos teosofistas


Datada de 15 de abril de 1881, três semanas antes de sua morte (08 de maio), foi lida pela primeira vez na Convenção da Seção Norte-Americana da Sociedade Teosófica no mesmo ano.
           
Sofrendo tão continuamente, como agora estou, o único consolo que me resta é saber que a Causa progride, à qual dediquei toda minha saúde e forças. Porém, como me faltam agora, só posso oferecer minha mais intensa devoção e meus nunca escassos votos pelo seu êxito e prosperidade. Companheiros teósofos, sinto-me orgulhosa de vosso incessante trabalho em prol de nossa Causa comum, tão querida de todos nós.

            Deixai que vos recorde, mais uma vez, que esse trabalho é agora mais necessário do que nunca. O período que chegamos a alcançar é, e continuará a ser, uma era de grandes lutas e esforços contínuos. Se a Sociedade Teosófica puder manter-se firme, tanto melhor; se não, ainda que a Teosofia se mantenha incólume, a Sociedade perecerá talvez de maneira não muito gloriosa, e o mundo sofrerá com isso. Meus mais ardentes desejos são de que eu não chegue a contemplar tal desastre em minha presente encarnação. A natureza crítica da situação que atravessamos é tão conhecida das forças que lutam contra nós, quanto das que militam a nosso favor. Não perderão oportunidade alguma para espalhar a semente da discórdia e de se aproveitarem dos enganos e movimentos falsos, destilando a dúvida nos corações para assim aumentarem as dificuldades; alentando suspeitas de modo que, por todos os meios, havidos ou por haver, possam chegar a solapar a unidade da Sociedade Teosófica, dizimando ou dispersando as fileiras de nossos companheiros.

            Nunca, jamais, como nos presentes momentos, será maior a necessidade que têm os Membros da Sociedade de recordar e ter gravada nos corações a velha parábola dos feixes e varas: divididas, poderão ser quebradas uma a uma, inevitavelmente; porém, unidas, não haverá força na Terra capaz de destruir nossa Irmandade. Mas tenho notado com grande pesar certa tendência que existe entre nós, bem como entre os Teosofistas da Europa e Ásia, para as desavenças sobre coisas insignificantes e permitir que vossa própria devoção à Causa Teosófica vos conduz a desunião. Crede-me quando vos digo que, à parte as tendências naturais inerentes às imperfeições da natureza humana, nossos inimigos sempre alertas se aproveitam de vossas belas qualidades para vos atraiçoar e conduzir pelo mau caminho. As pessoas céticas rir-se-ão destas declarações e, talvez, existam muitos de voz que tenham fé na existência dessas terríveis forças mentais, subjetivas, invisíveis, porém que nem por isso deixam de ser forças viventes e poderosas que influem em vosso ambiente. Mas elas existem e eu conheço mais de um dentre vós que as têm sentido e se viram necessitados de reconhecer essas estranhas pressões mentais. Aqueles de vós que são sinceros e abnegados devotos da Causa, pouco ou nenhuma impressão lhe causarão; mas, os que sobrepõem seu orgulho ao dever contraído para com a Sociedade Teosófica, e ainda por cima ao juramento ao seu Eu Divino, para esses, sim, o efeito será geralmente desastroso.

            Nunca é necessária tanta vigilância própria como quando sentimos certo desejo de mando e de vaidade ferida, o qual se veste das vistosas plumas do pavão real da devoção e do trabalho altruísta.

            Na crise presente que atravessa a Sociedade Teosófica, qualquer falta de domínio próprio e da devida vigilância será fatal em todos os casos. Porém, essas tentativas diabólicas de nossos poderosos inimigos e irreconciliáveis adversários das verdades que temos divulgado e mantido só podem ser anuladas se cada um dos membros da Sociedade Teosófica se contentar com o servir de força Impessoal para o bem, indiferente a todo elogio ou censura que possa receber, e enquanto for útil aos propósitos da Irmandade. Assim, o progresso obtido assombrará o mundo, e a área da Sociedade Teosófica estará fora das águas perigosas.

            Vossa situação de exploradores da sexta sub-raça da Quinta Raça Raiz tem seus inconvenientes e riscos peculiares, bem como suas vantagens. O psiquismo com todas as suas tentações e perigos se desenvolve necessariamente entre vós e deveis ter cuidado a fim de que não exceda o desenvolvimento manásico e o espiritual. As faculdades psíquicas, sobre o controle de Manas (Mente), são valiosas auxiliares no desenvolvimento; porém, quando tais faculdades se encontram num estado de desenfreio, dominando em vez de serem dominadas, ultilizando-nos em lugar de serem utilizadas, induzem o estudante aos maiores perigos de alucinações e a uma verdadeira destruição moral. Vigiai, pois, atentamente esse desenvolvimento inevitável à Raça e o Período Evolutivo em que vivemos, para que com o tempo seja utilizado para o bem e não para o mal. Assim recebereis adiantadamente as mais sinceras e eficazes Bênçãos d’Aqueles cuja Bondade nunca vós faltará, se não Lhes faltardes.

            E com isso, tudo fica dito. Não me encontro suficientemente forte para escrever uma mensagem mais extensa; muito menos tendes necessidade dela, quando minha amiga e mensageira de confiança, Annie Besant, que é hoje o meu braço direito, poderá explicar-vos meus desejos com maior e melhor facilidade do que eu em escrever-vos. Finalmente, estes meus desejos e pensamentos eu os poderia resumir nessa breve sentença, que é o palpitante anelo de meu coração: “Sede Teósofos e trabalhai pela Teosofia”.

            Acima de tudo e sempre a Teosofia, pois sua prática seria a única coisa para salvar o mundo ocidental deste sentimento egoísta e pouco fraterno que divide as nações; e também acabar com esse ódio e distinções sociais que são o anátema dos chamados povos cristãos.
            Unicamente a Teosofia poderá salvá-los de caírem no materialismo voluptoso que há de degenerá-los e corrompê-los, tal como já aconteceu com outras civilizações.

            Em vossas mãos deixo meus irmãos, confiado o futuro do próximo século e assim, como é grande o que vos confio, muito grande será também a vossa responsabilidade.

            É curto o tempo que me resta de vida, mas se alguns de vós tiverdes aprendido algo de meus ensinamentos, ou com o seu auxílio alcançado um vislumbre sequer da Verdadeira Luz, eu vos peço, como recompensa, que fortaleçais a Causa, com cujo triunfo a Verdadeira Luz, mais resplandecente e mais gloriosa ainda por vossos esforços pessoais e coletivos, iluminará o mundo e dessa maneira, eu antes de partir deste corpo extenuado, contemplarei, já assegurada, a estabilidade da Sociedade.
            Que a Bênção dos Grandes seres do passado e do presente esteja convosco. De minha parte, recebei a completa segurança de meus puros e eternos sentimentos de amor fraternal, e as mais sinceras graças de todo coração pelo trabalho que todos tendes realizado.

            De vossa fiel servidora,


H. P. Blavatsky

TODAS AS MENSAGENS DOS MESTRES VÊM DA MESMA FONTE?


Raul Branco[1][1]

PRÓLOGO

Conheço várias pessoas adoráveis, sinceramente engajadas na busca espiritual. Algumas participam de vários grupos de estudo, cura e meditação, e dedicam de uma a duas horas por dia a seus 'decretos' e práticas espirituais ditadas pelos "Mestres Ascensos." Tocado pela dedicação e candor dessas pessoas, comecei a pesquisar a respeito dessas doutrinas e práticas que, obviamente, parecem estar fazendo bem a elas. Com todo o respeito e carinho, gostaria de oferecer as observações e considerações a seguir a essas pessoas queridas e a milhares de outros irmãos devotos dos Mestres. Procurei enfocar a questão de forma objetiva, apresentando considerações e sugestões que poderiam ser investigadas por esses sinceros buscadores da verdade.


CONHECIMENTO DOS MESTRES

Até meados do século XIX muito pouco era conhecido no Ocidente sobre os Grandes Seres, chamados no Oriente de Mahatmas, ou Mestres de Sabedoria. No Oriente, principalmente na Índia, os Mestres já eram conhecidos há milênios nos meios dos devotos e iogues. No Ocidente, no entanto, somente uns poucos discípulos aceitos conheciam seus Mestres, guardando essa informação de forma reservada, por respeito a estes Santos Seres e para a proteção deles.

Foi somente a partir do final do século XIX, com a fundação da Sociedade Teosófica e posteriormente com a divulgação dos escritos de H. P. Blavatsky, que o conhecimento da existência dos Mestres se espalhou nos meios esotéricos e filosóficos na Europa e nas Américas. Alguns colaboradores de Blavatsky foram contrários a essa divulgação, em virtude da tradicional reserva observada pelos discípulos com relação a comentários públicos sobre a existência de seus instrutores. Mas os tempos eram outros e os próprios Mestres contribuíram indiretamente para que sua existência fosse amplamente divulgada no Ocidente.

AS CARTAS DOS MESTRES

O principal meio de divulgação da existência e do trabalho dos Mestres foi a publicação, no início do século XX, de uma longa série de cartas escritas pelos Mestres,[2][2] entre 1880 a 1886, a dois ingleses, A. O. Hume e A. P. Sinnett, sendo a maior parte dirigida a esse último. Sinnett, mais tarde, utilizou o material contido nas cartas para escrever dois livros muito comentados na época: Budismo Esotérico e Mundo Oculto. Os Mestres também enviaram cartas, em menor número, a outros colaboradores seus, sendo muitas destas coligidas e publicadas por C. Jinarajadasa, com o título de Cartas dos Mestres de Sabedoria.[3] [3].

Essas cartas são marcos para o estabelecimento de parâmetros sobre os ensinamentos desses Grandes Seres e para o conhecimento de seus métodos de comunicação com aqueles poucos aspirantes que apesar de não terem sido treinados no caminho ocultista, de alguma forma mereceram recebê-las. Seu valor especial está no fato de serem reconhecidas por quase todos os estudiosos como sendo de autoria dos Mestres. Algumas foram recebidas poucos instantes depois de terem sido "enviadas" por Sinnett, no próprio verso do papel em que as perguntas tinham sido feitas. É importante frisar que a maioria das cartas foi precipitada. O Mahatma K. H. respondendo a Sinnett sobre esse processo disse: "Devo pensar bem, fotografando cuidadosamente cada palavra e frase no meu cérebro antes que possa ser repetida por 'precipitação'."[4][4] Blavatsky comentou sobre esse processo que: "O trabalho de escrever as cartas em questão é efetuado por um tipo de telegrafia psíquica; os Mahatmas raramente escrevem suas cartas da forma usual. Uma conexão eletromagnética, por assim dizer, existe no plano psíquico entre um Mahatma e seus chelas, um dos quais age como seu secretário."[5][5] O curioso é que, não importa qual chela venha a escrever manualmente a carta, a letra será sempre exatamente a do Mestre. Um fato que ainda não foi explicado pela ciência moderna é como a tinta foi colocada, não na superfície do papel, mas no seu interior. Permanece inexplicável, também, como estrias, feitas com a mesma tinta com que a carta foi escrita, foram incorporadas a espaços regulares no papel. Esses e muitos outros detalhes técnicos foram estudados em profundidade por um dos maiores especialistas em grafologia e falsificações, Vernon Harrison,[6][6] gerente de pesquisas da Thomas De La Rue (equivalente à Casa da Moeda Britânica). Essas cartas encontram-se no Museu Britânico.

A Summit Lighthouse, uma das principais fontes de canalização de mensagens atribuídas aos Mestres Ascensos, confirma a existência e autenticidade destas cartas: "a fundação da Sociedade Teosófica deve-se aos Mestres Morya e Koot Hoomi, que a utilizaram para difundir seus ensinamentos para o Ocidente, em parte por meio de cartas pessoais dirigidas a um punhado de alunos teosóficos.” [7] [7].

Apesar do interesse de Sinnett em tornar-se um discípulo aceito do Mestre Koot Hoomi, geralmente referido como K. H., seu principal correspondente, foi-lhe dito que ele não tinha os requisitos para ser um discípulo, ou chela, como são conhecidos na Índia. Seus hábitos de vida e, principalmente, seus condicionamentos mentais, militavam contra a simplicidade e disciplina necessárias à vida de um chela. Sem essa disciplina e reorientação de vida, seria impossível para ele passar nos duros testes a que todos os discípulos são submetidos.[8][8] Noutra ocasião, explicando a natureza do treinamento dos discípulos e como eles deviam arcar com as consequências de seu carma, disse: "Não guiamos nunca nossos chelas (mesmo os mais avançados) nem os advertimos previamente, deixando que os efeitos produzidos pelas causas que eles próprios criaram, lhe ensinem pela melhor experiência."[9][9] Ao solicitar uma comunicação direta com o Mestre sem comprometer-se a nenhuma mudança em sua vida, recebeu como resposta: "Aquele que quiser erguer alto a bandeira do misticismo e proclamar que o seu reino está próximo tem que dar o exemplo aos outros. Ele deve ser o primeiro a mudar os seus próprios modos de vida."[10][10]


OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÕES SOBRE OS MESTRES

A partir de então, a literatura esotérica em geral e a teosófica em particular, passou a referir-se extensamente aos Mestres. Informações esparsas divulgadas por alguns de seus discípulos eram repetidas nos círculos esotéricos, nem sempre com a exatidão devida, contribuindo para a criação de certas lendas e imagens distorcidas sobre esses Grandes Seres. Esta situação foi amenizada a partir de 1925, com a publicação do livro, Os Mestres e a Senda. Seu autor, C. W. Leadbeater era discípulo do Mestre K. H. Leadbeater conhecia pessoalmente seu Mestre bem como alguns outros membros da Grande Hierarquia Branca, como a Fraternidade destes Grandes Seres é geralmente conhecida. A obra ajudou a colocar muitos fatos em perspectiva. Leadbeater era um vidente avançado, conseguindo comunicar-se com vários Mestres, tanto no plano físico como em outros planos. Por ser um discípulo Iniciado, teve acesso direto a um grande número de informações até então desconhecidas no Ocidente. Dentre as revelações de seu livro vale a pena mencionar a estrutura da hierarquia dos Mahatmas, seu modo de operação no mundo e seu processo de treinamento de discípulos.

Por outro lado, várias entidades do astral começaram a enviar mensagens atribuídas aos Mestres. Essas comunicações geralmente oferecem mensagens calcadas em palavras de solidariedade humana e amor ao próximo. Muitas chamam a atenção para uma eminente crise que deverá se abater sobre nosso planeta se os homens não se regenerarem e atenderem aos apelos dos Mestres para uma mudança de vida. Para aqueles que conhecem a literatura espírita, essas comunicações atribuídas aos Mestres guardam um estreito paralelo com as comunicações de entidades desencarnadas, os "espíritos", que desde o século XIX vêm sendo recebidas por intermédio de médiuns em diversos países.

Em virtude do teor aparentemente benéfico dessas comunicações, muitas pessoas poderiam questionar, por que nos preocuparmos com a autoria dessas mensagens. Se elas estão estimulando as pessoas para uma vida mais ética e amorosa, o que importa se essa atribuição aos Mestres é correta ou não? Devemos nos lembrar que o objetivo da vida espiritual é o conhecimento da verdade, objetivo esse indicado por Jesus quando nos disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." (Jo 8:32) Mas não é só isso. Apesar do teor adocicado das mensagens em pauta, elas trazem em seu bojo três grandes perigos de distorção: sobre a maneira como os Mestres atuam no mundo, a natureza do progresso espiritual dos discípulos e alguns aspectos da vida oculta.

RELACIONAMENTO E COMUNICAÇÃO ENTRE MESTRE E DISCÍPULO

Em primeiro lugar, a atribuição dessas mensagens aos Mestres cria uma ideia errônea sobre o método de operação dos Mahatmas no mundo. Provavelmente ainda são válidas as palavras do Mestre K. H. enviadas a Sinnett e aos teosofistas europeus no século XIX: "Nenhum de vocês jamais conseguiu formar uma ideia acurada dos 'Mestres' ou das leis do Ocultismo pelas quais eles são guiados.” [11] [11] Os Mestres sempre indicaram que sua latitude para ação no mundo material é consideravelmente limitada e que agem, via de regra, por meio de seus discípulos no mundo e não por meio de comunicações bombásticas ou de fenômenos paranormais, geralmente chamados de milagres.

Isso ficou claro no caso clássico de Sinnett que, ao longo de sua extensa correspondência, instou os Mestres a demonstrarem cabalmente ao mundo sua existência por meio de algum fenômeno incontestável, como a materialização de um exemplar do jornal The Pioneer em Londres, no mesmo dia de sua publicação na Índia, e do Times em Simla, na Índia, no mesmo dia de sua publicação em Londres, o que, em virtude dos meios de transporte da época, esse feito seria um verdadeiro "milagre." O Mestre K. H. pacientemente explicou a Sinnett: "Justamente porque o teste com o jornal de Londres fecharia a boca dos céticos – ele é impensável... A verdade é que nós trabalhamos usando leis e meios naturais e não sobrenaturais... Você diz que metade de Londres seria convertida se você pudesse entregar ao público de lá o jornal Pioneer no mesmo dia da sua publicação. Permita-me dizer que, se as pessoas acreditassem que a coisa era verdadeira, elas o matariam antes que pudesse dar uma volta no Hyde Park, e se elas não acreditassem o mínimo que poderia acontecer seria a perda da sua reputação e de seu bom nome, por propagar tais ideias[12] [12]." O Mestre continuou a carta por várias páginas, apresentando seus argumentos com extrema sabedoria e lucidez, provando a Sinnett que a experiência milenar da Fraternidade comprova que a humanidade sempre resiste aos fenômenos que não consegue explicar, endeusando ou matando aqueles que os apresentam.

Os Mestres, portanto, agem no mundo através de seus discípulos. Projetos, mensagens ou ações que desejam realizar para a humanidade são efetuados por seus colaboradores no mundo material, sendo atribuídos a esses colaboradores. Esse é um ponto básico, como podemos verificar com obras 'inspiradas' como Luz no Caminho, A Doutrina Secreta e tantas outras, que são sempre publicadas em nome do discípulo. O Mestre solicita ou inspira seu discípulo a agir da forma desejada. Mas, deve ficar claro aqui, que o Mestre quando muito solicita, sem jamais atropelar ou forçar o livre arbítrio do ser humano. Os irmãos das trevas agem de forma diferente, manipulando, hipnotizando ou forçando as pessoas, de uma forma ou outra, sem respeitar sua vontade própria.[13][13] Para os agentes das trevas os fins justificam os meios, para os Seres de Luz isso seria inadmissível.

Dentro desses parâmetros, e levando em conta a experiência dos membros da Fraternidade, acumulada ao longo de inúmeros milênios de atuação no mundo, os Mestres sabem exatamente o que pode ser feito e o que deve ser feito para ajudar cada indivíduo no seu estágio atual de evolução. Jamais agem baseados em personalismos e preferências, mas sempre de acordo com os méritos das pessoas, de suas condições cármicas e das oportunidades para estender o maior benefício ao maior número possível de pessoas, por meio das ações a serem realizadas por seus colaboradores no mundo.

Quando estudamos o maravilhoso trabalho dos Mestres, podemos imaginar que o mundo seria totalmente diferente se uma grande parte da humanidade conhecesse esses Grandes Seres. Isso nos levaria a pensar que um movimento de conscientização popular do trabalho dos Mestres poderia ser um grande facilitador para a evolução. Somos informados, porém, que justamente o contrário é verdadeiro. A última carta escrita pelo Mestre K.H, em 1900, a Annie Besant, então Presidente da Sociedade Teosófica, urgia ação muito específica a esse respeito: "Muito poucos são aqueles que podem saber qualquer coisa a nosso respeito... O falatório acerca dos 'Mestres' deve ser silenciosa, mas firmemente eliminado. Que a devoção e o serviço sejam somente para aquele Supremo Espírito, do qual cada um é uma parte. Nós trabalhamos anônima e silenciosamente, e a contínua referência a nós mesmos e a repetição de nossos nomes gera uma aura confusa que atrapalha nosso trabalho.” [14] [14].

MÉTODOS DE COMUNICAÇÃO DOS MESTRES

Convém esclarecer os métodos conhecidos pelos quais os Mestres capacitam seus discípulos a transmitir informações e ensinamentos ao mundo. A tradição esotérica sugere que os Mestres geralmente usam dois métodos para transmitir informações que gostariam de divulgar à humanidade. No caso de uma obra que no atual estágio evolutivo da humanidade pode agora ser divulgada, mas que deve ser transmitida absolutamente sem erros, geralmente imprimem telepaticamente o texto na mente do discípulo para que esse, por sua vez, possa escrevê-lo de forma correta. Esse parece ter sido o caso da obra Luz no Caminho, escrita por Mabel Collins no século XIX. De acordo com Leadbeater, em casos excepcionais, os Mestres podem até ditar a mensagem a ser transmitida: "Há casos, em que uma incumbência de grande importância é ditada palavra por palavra, e anotada no plano físico, na hora, pelo recipiendário, mas tais casos são sumamente raros.” [15] [15].

O outro método, geralmente usado com discípulos mais avançados, é a transmissão telepática de informações, conceitos e ideias, deixando por conta do discípulo a formulação do texto final de acordo com seus dons intelectuais e literários. Essas transmissões geralmente ocorrem no plano mental abstrato ou no búdico (intuitivo). Lembramos que nos planos superiores, as comunicações não são realizadas por palavras, como em nosso mundo. Os conceitos são expressos de uma forma simbólica sintética, e devem ser "decodificados" ou "traduzidos" em palavras, pela mente concreta, para serem inteligíveis em nosso plano.

Um exemplo clássico das comunicações por meio de discípulos avançados é o conhecido trabalho de Blavatsky A Doutrina Secreta. Ela era capaz de recolher informações dos registros akáshicos, ler à distância textos que se encontravam em outros lugares (como na biblioteca secreta do Vaticano) e receber comunicações de diferentes Mestres colaborando na obra. Porém, a tarefa não era meramente a de receber um ditado, mas sim a de compor, com suas próprias palavras o texto a ser produzido. A Condessa de Wachtmeister, sua companheira constante durante o período em que escreveu A Doutrina Secreta, relata que, um dia: "... ao entrar no gabinete de Blavatsky, encontrei o chão coberto de folhas manuscritas. Perguntei a razão desse aspecto de confusão e ela respondeu: - Sim, tentei doze vezes escrever esta página corretamente e toda vez o Mestre diz que está errado. Acho que vou ficar louca, escrevendo-a tantas vezes; mas deixe-me sozinha; não descansarei enquanto não o conseguir, ainda que tenha de ficar aqui a noite toda. Uma hora mais tarde ouvi sua voz me chamando e, ao entrar, verifiquei que havia, finalmente, concluído o trecho e de maneira satisfatória.” [16] [16].

COMUNICAÇÕES CANALIZADAS ATRIBUÍDAS AOS MESTRES

A principal consideração que nos levou a alertar os estudantes de ocultismo para o perigo dessas comunicações, apesar de seu caráter aparentemente beneficente, é o fato de elas conterem muitas distorções e, até mesmo, erros factuais e conceituais. Isso sugere que a grande maioria, se não a quase totalidade dessas mensagens provavelmente não é de autoria dos Mestres. Numa de suas cartas, K. H. disse a Sinnett que não era possível a comunicação com ele por meio de médiuns. "Você quer saber por que é considerado extremamente difícil, se não completamente impossível para os Espíritos puros desencarnados se comunicarem com os homens através de médiuns ou Fantasmasofia. Eu digo que é: (a) devido às atmosferas antagônicas que envolvem respectivamente esses mundos; (b) por causa da diferença extrema que há entre as condições fisiológicas e espirituais; e (c) porque essa cadeia de mundos sobre a qual falei a você não é somente um epiciclóide, mas uma órbita elíptica de existências, tendo como toda elipse não um, mas dois pontos, dois focos, que nunca podem se aproximar um do outro. O homem está em um dos focos, e o Espírito puro no outro.” [17] [17].

Em outras palavras, as entidades do astral não são confiáveis como instrutores. Com exceção dos pouquíssimos Nirmanakayas[18] [18] que atuam no astral para o benefício daqueles que estão de passagem naquele plano, a grande maioria dos habitantes do astral que enviam mensagens para pessoas encarnadas por intermédio de médiuns, já perderam seus princípios superiores e estão em processo de decomposição. No entanto, devido às características especiais daquele plano, essas entidades, melhor conhecidas como cascões, ou cadáveres astrais, retêm parte de sua memória passada e podem, além disso, entrar em sintonia com as emoções e pensamentos das pessoas envolvidas na sessão mediúnica. Por essa razão podem enviar mensagens baseadas em sua memória do passado bem como no conhecimento atual dos encarnados que participam da sessão. Por isso, as mensagens tendem a refletir a expectativa dos recipiendários, sendo geralmente aceitas, apesar de não acrescentarem nada de novo em termos de ensinamentos.

O Mestre K. H., respondendo a uma pergunta de Sinnett, que sempre mostrou grande interesse pelos processos mediúnicos, alertou: "Naquele mundo (o astral), meu bom amigo, nós só encontramos máquinas ex-humanas, inconscientes e autômatas; almas em estado de transição, cujas faculdades e individualidades adormecidas estão como uma borboleta em sua crisálida; e os Espíritas esperam que elas falem com sensatez! Colhidas em certas ocasiões pelo vórtice da corrente anormal "mediúnica", elas se tornam ecos inconscientes de pensamentos e ideias cristalizadas em volta dos que estão presentes. "[19] [19].

Em inúmeras ocasiões os Mestres alertaram seus correspondentes sobre os perigos das comunicações mediúnicas em geral, e da virtual impossibilidade deste meio ser utilizado pelos Adeptos para suas comunicações com seus colaboradores. Porém, deixaram claro que muitas comunicações espúrias do astral seriam atribuídas a eles. "Pode ocorrer que em função de objetivos próprios nossos médiuns e seus fantasmas sejam deixados à vontade e livres não só para personificar os "Irmãos", mas até mesmo para forjar nossa letra manuscrita. [20] [20] Esse ponto deve ser levado em consideração nas mensagens atribuídas aos Mestres. Todos os grandes reformadores espirituais alertam para esse fato. Jesus, por exemplo, disse: "Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes" (Mt 7:15).

Examinemos, agora, algumas das distorções e erros apresentados em certas comunicações atribuídas aos Mestres. Uma das mais citadas e que provocou considerável impacto nos meios esotéricos foram às obras de Alice A. Bailey. Ao longo de quase trinta anos (1922 a 1949), Alice Bailey produziu 24 obras, sendo 18 delas atribuídas a uma entidade, por muito tempo referida simplesmente como "O Tibetano". Nos últimos anos de suas atividades literárias Bailey deixou escapar, ou deu a conhecer, os fatos não são muito claros, que "O Tibetano" era o Mestre Djwal Khul, que havia ajudado o Mestre K. H. no trabalho da Sociedade Teosófica no século XIX. Alice Bailey tinha uma mente brilhante e destacou-se rapidamente nos meios teosóficos, chegando a atuar como coordenadora da sessão esotérica da Sociedade Teosófica nos Estados Unidos. Acabou deixando a S. T. para fundar sua Escola Arcana, que ministrava por correspondência ensinamentos esotéricos, baseados nas instruções atribuídas ao Tibetano.

Suas obras, escritas num estilo literário um tanto convoluto, que tornava os assuntos tratados muito mais complicados e aparentemente mais profundos, exerceram grande influência nos meios esotéricos, sendo muito citadas. Com a repetição das citações as informações apresentadas em suas obras foram adquirindo uma aura de respeitabilidade inquestionável. Os estudantes de esoterismo que são submetidos a esse bombardeio de informações de fontes aparentemente fidedignas, depois de certo tempo, têm dificuldade para separar o joio do trigo.

O autor deste ensaio pode falar sobre esta questão com conhecimento de causa, pois foi estudante da Escola Arcana por cerca de cinco anos, recebendo o material de instrução diretamente da sede da Escola em Nova Iorque. Se por um lado o material era atraente em vista da profusão de informações de cunho esotérico, continha vários pontos que pareciam questionáveis.

Só consegui livrar-me do terrível emaranhado de dúvidas e questionamentos em que estava enredado, quando vim, a saber, que Alice Bailey somente teria tido inspiração do Mestre Djwal Khul para suas três primeiras obras: Cartas sobre Meditação Ocultista, Iniciação Humana e Solar, e Tratado sobre Fogo Cósmico. A ajuda e inspiração interior do Mestre Djwal Khul lhe teria sido retirada pelo fato de usar aquelas obras e as atividades da Escola Arcana para propagar suas idéias e preconceitos religiosos adquiridos na infância e durante os anos em que trabalhou como evangelizadora da Igreja Anglicana na Inglaterra, Irlanda e Índia [21] [21].

Bailey acreditava literalmente no retorno de Cristo para o estabelecimento de Seu Reino na Terra por mil anos. Esse foi o principal ponto que teria provocado a ruptura com seu Instrutor, a insistência em seus livros e palestras de que toda a Hierarquia estava engajada no trabalho de preparação para o "iminente retorno do Cristo". Apesar de aproximadamente oitenta anos terem se passado desde que começou a pregar sobre o "iminente" retorno, a chegada de Cristo em nosso sofrido planeta ainda é uma promessa a ser cumprida, pelo menos no sentido em que sempre foi entendida pelos fundamentalistas, ou seja, de forma corpórea e com toda Sua glória externa. Com a retirada da inspiração do Mestre Djwal Khul, não se sabe que entidade apareceu para ocupar o vazio criado na comunicação psíquica de Alice Bailey, mas seus livros subsequentes indicam certa mudança de estilo e passaram a apresentar cada vez mais detalhes curiosos sobre a vida esotérica e o trabalho da Hierarquia.

OS MESTRES "ASCENSOS"

A partir da década de trinta, do século XX, começou a aparecer um tipo especial de comunicação canalizada, dessa vez referindo-se aos Mestres "Ascensos". Ao que tudo indica, essas comunicações começaram com as mensagens transmitidas por intermédio de Guy Ballard. As comunicações de Ballard começam com os detalhes do que teria sido seu primeiro encontro com o Mestre Saint Germain, no Monte Shasta, na Califórnia. Informou que de lá foi levado em seu corpo sutil, pelo Mestre, ao retiro de Monte Teton, escondido dentro daquela montanha em Wyoming, EUA. A partir de então suas experiências foram relatadas em diversos livros, como: Mistérios Desvelados, A Presença Mágica, Os Discursos EU SOU, Instruções de um Mestre Ascenso e O Amado Saint Germain Fala. Por ocasião de sua morte, no Retiro de Royal Teton, teria finalmente ascendido, passando a ser conhecido como o amado Mestre Ascenso Godfre.

O trabalho de Ballard parece ter aberto a caixa de Pandora de onde saíram uma infinidade de outras comunicações atribuídas aos Mestres Ascensos. Uma busca na internet revelará a variedade de materiais existentes sobre esse assunto. Essas comunicações foram "canalizadas" não só por sensitivos americanos, mas também de outros países, inclusive do Brasil. Seria impossível, dentro do escopo deste ensaio, tentar apresentar algo do trabalho de todos esses sensitivos ou mesmo dos mais representativos. Procuraremos, no entanto, apresentar as linhas gerais dos ensinamentos transmitidos por esses diferentes canais, pois guardam considerável semelhança.

Antes, seria útil mencionar alguns dos grupos ou movimentos criados em função dessas comunicações. Os mais conhecidos são:
· O Movimento EU SOU
· Ponte para a Liberdade
· Vahali
· Fraternidade Pax Universal
· Centro Lusitano de Unificação Cultural
· Fraternidade dos Guardiões da Chama
· A Fundação Saint Germain
· O Templo da Presença
· Fundação para o Ensinamento do Mestre Ascenso
· The Summit Lighthouse.

Vale mencionar que, após as comunicações de Ballard, talvez os movimentos com maior repercussão tenham sido a Ponte para a Liberdade e a Summit Lighthouse (Farol do Cume), ambos fundados nos Estados Unidos, passando a atuar em vários países, inclusive no Brasil. Parte das informações sobre esses grupos apresentadas a seguir, em forma resumida, foi retirada de folhetos, páginas da net e livros da Summit Lighthouse do Brasil.

Em primeiro lugar, o que é um Mestre Ascenso? Um Mestre Ascenso seria um iniciado que alcançou a Sexta Iniciação que, para esses grupos, é tida como a Iniciação equivalente na tradição cristã à Ascensão de Cristo aos Céus para ficar à direita do Pai. De acordo com essa linha, a Primeira Iniciação seria simbolizada pelo Nascimento do Cristo, a Segunda pelo Seu Batismo, a Terceira pela Transfiguração, a Quarta pela Crucificação, a Quinta pela Ressurreição e a Sexta pela Ascensão. Parece ter havido certa confusão nesta codificação das iniciações. Até a Terceira, as Iniciações como simbolizadas pela vida de Cristo conferem com a visão de outros autores.[22] [22] As diferenças aparecem a partir da Quarta Iniciação, já que os eventos da Crucificação e da Ressurreição, que para a linha dos Mestres Ascensos constituiriam iniciações separadas, sempre foram considerados pelos estudiosos do Cristianismo Esotérico como dois aspectos da mesma iniciação. "Na simbologia cristã a Quarta Iniciação está representada pelas angústias sofridas no horto de Gethsêmane, a crucificação e ressurreição de Cristo.” [23][23] A crucificação e a ressurreição representariam, assim, os dois lados da mesma moeda, ou seja, a morte do homem velho e o nascimento do homem novo de que fala Paulo. A tradição dos Mistérios egípcios descrevia essa Iniciação ocorrendo numa cripta. Nela, o candidato era atado sobre uma cruz de madeira, induzido a um transe profundo, equivalente à morte, descendo então aos mundos inferiores em seus corpos sutis, para finalmente ser desperto, ou "ressuscitado" pelo Hierofante no terceiro dia.

A Quinta Iniciação, de acordo com a tradição esotérica, constituiria a última iniciação do ciclo humano. A partir de então, os Adeptos passam a trilhar uma nova Senda, incompreensível para a nossa experiência humana. Nas palavras de Leadbeater, "O Adepto realizou o propósito através daquilo que o fez homem, e assim dá agora o passo final que o torna Super homem – Ashekha, como o chamam os budistas, pois ele nada mais tem a aprender e exauriu as possibilidades do reino humano da natureza... No simbolismo cristão, a Quinta Iniciação é representada pela Ascensão de Cristo e a vinda do Espírito Santo em línguas de fogo, que corresponde à entrada no Adeptado, porque o Adepto ascende a uma esfera superior à humanidade e muito além da terra.” [24][24]

As comunicações dos Mestres Ascensos contêm incontáveis detalhes sobre a vida dos Mestres, suas encarnações anteriores, os retiros onde vivem os projetos em que estão engajados, e os dons e poderes divinos que operam em prol da realização do grande plano divino. O estudante de esoterismo não cessa de se maravilhar com as informações de caráter oculto oferecidas. As mudanças na estrutura da Hierarquia são relatadas em todos seus detalhes. Somos informados que Sanat Kumara, o Senhor do Mundo, foi convencido a deixar seu posto supremo na Hierarquia, em favor do Senhor Buda. Com isso várias mudanças ocorreram na estrutura hierárquica.

"Em 1º de janeiro de 1956, numa cerimônia realizada no Retiro de Royal Teton (de forma surpreendente nos Estados Unidos e não em seu tradicional reduto nas regiões transhimalaias), Gautama sucedeu a Sanat Kumara no cargo de Senhor do Mundo e Maitreya sucedeu a Gautama nos cargos de Cristo Cósmico e Buda Planetário, passando o manto de Instrutor do Mundo aos candidatos a esse cargo, Jesus Cristo e Kuthumi." Parece estranho que agora existam dois Instrutores do Mundo, sendo um, o Mestre Jesus, do Sexto Raio, apesar desse cargo ser sempre ocupado por um Mestre do Segundo Raio, pois esse reflete a energia divina utilizada nessa função. Com isso outros espaços teriam sido abertos nos cargos de Chohans dos Raios. O Mestre Ascenso Lanto teria assumido o cargo de Chohan do Segundo Raio. Somos informados que Lanto "alcançou sua mestria quando estudava sob a orientação do Senhor Himalaia, Manu da Quarta Raça Raiz, cujo Retiro do Lótus Azul está escondido nas montanhas que levam o seu nome." Outra promoção relatada é a da Mestre Ascensa Nada, que assumiu o Sexto Raio, com a transferência de Jesus, conjuntamente com Koot Hoomi, para o cargo de Instrutor do Mundo.

Ao que parece, a Hierarquia passou, no século XX, a refletir nos planos espirituais os anseios de melhor representatividade de sexos e raças da era atual. Além da Mestra Ascensa Nada, somos informados que a Mestra Ascensa Kwan Yin, que teria precedido o Mestre Ascenso Saint Germain como Chohan do Sétimo Raio, tornou-se um dos sete Mestres Ascensos que atuam no Conselho do Carma, trazendo assim um melhor equilíbrio para a polaridade negativa na dispensação da misericórdia e justiça divina. Até a minoria negra (nas Américas, onde foram feitas essas revelações), obteve uma fatia do poder. "O Mestre Ascenso Afra tornou-se o primeiro Mestre Ascenso da África, passando a ser o patrono da África e da raça negra." Por outro lado, o caráter predominante anglo-saxão da Hierarquia fica patente pelos cabelos louros dos Mestres nas fotografias que são apresentadas no livro: Senhores dos Sete Raios de Mark e Elizabeth Prophet, e nas páginas da WEB da Summit Lighthouse do Brasil. Aparecem com cabelos louros: Jesus, Paulo Veneziano, Saint Germain, Nada e Maria mãe de Jesus. Uma última curiosidade: provavelmente refletindo o axioma hermético de que o que está em baixo é como o que está em cima, encontramos na Hierarquia um misterioso ser descrito como K-17, que seria o Diretor do Serviço Secreto Cósmico. [25] [25]

Com a entrada da Era de Aquário, os Mestres teriam informado que uma aceleração estaria ocorrendo no processo evolutivo da humanidade. Para ajudar nessa aceleração a Mestre Ascensa Nada teria concedido a dispensação da Ciência da Palavra Falada e o Mestre Ascenso Saint Germain o poder para toda a humanidade transmutar seu carma negativo por meio da Chama Violeta. Os procedimentos para a utilização desse novo instrumental são explicados exaustivamente em inúmeras comunicações de diferentes Mestres. A ajuda parece ser tão poderosa que o discípulo que proceder de acordo com as instruções ministradas, poderia "ascender" numa só vida.

É dito que um discípulo inteiramente dedicado pode passar da Terceira Iniciação para a Ascensão (Sexta) em seis anos de vida rigorosamente de acordo com a nova dispensação. A razão pela qual o Caminho tornou-se tão mais fácil, comparado com o das antigas tradições, é que com a nova dispensação, "Um Mestre Ascenso precisaria transmutar ao menos 51 por cento de seu carma e receber as iniciações do Raio Rubi no ritual da Ascensão."

Os Mestres Ascensos conferem grande atenção à Ciência da Palavra Falada. Essa ciência ter-se-ia originado no momento da manifestação do Universo, pois, no princípio "Deus disse: 'Haja luz' e houve luz" (Gn 1:3). Para esse ato criador Deus não pensou nem meditou, mas sim disse, 'haja luz'. O poder do Verbo é a energia mais poderosa de toda a manifestação. Os Mestres Ascensos ajudaram o homem moderno a "resgatar a Ciência da Palavra Falada, utilizada há 12 mil anos atrás nos templos sagrados da Lemúria e da Atlântida."[26][26]

A Ciência da Palavra Falada é operacionalizada por meio de decretos. O homem, a quem Deus outorgou o poder de ser também um criador, deve ordenar por decreto às hierarquias criadoras, presididas pelos anjos e arcanjos, especificamente o que deseja realizar. O decreto é, portanto, "o poder do Verbo na solução de problemas e elevação da alma." Foi revelado que: "o decreto é a mais poderosa das petições à Divindade. É uma ordem, proferida pelo filho ou filha de Deus em nome da Presença do EU SOU e do Cristo, para que a vontade do Todo-Poderoso seja manifestada, assim em baixo como no alto. É o meio pelo qual o reino de Deus se torna realidade aqui e agora, usando o poder da Palavra Falada."[27][27]

Somos informados que o ser humano deve ter fé no poder dos decretos, pois "A lei cósmica afirma que as idéias expressas em palavras tornam-se obrigatoriamente realidade quando são proferidas em nome de Deus e pela autoridade da chama de Cristo."[28][28] Para aumentar o incentivo ao uso da Ciência da Palavra Falada, o Senhor Maitreya teria anunciado por ocasião de uma conferência, realizada em Washington, D.C., em 01/07/1961, que: "De hoje em diante, todo decreto que proferirdes será multiplicado pelo poder de dez mil vezes dez mil"[29][29], ou seja, será cem milhões de vezes mais forte.

O outro instrumento utilizado pelos Mestres Ascensos para acelerar a evolução da humanidade é a utilização da poderosa energia da chama violeta para a transmutação das negatividades. A esse respeito os Mestres teriam declarado: "A dispensação permitindo que a chama violeta fosse posta à disposição dos discípulos neste século foi concedida pelos Senhores do Carma porque Saint Germain compareceu perante esse augusto conselho para advogar, como defensor da humanidade, a causa da liberdade." "A chama violeta perdoa à medida que liberta, consome à medida que transmuta, elimina os registros do carma do passado (saldando assim as vossas dívidas para com a vida), uniformiza o fluxo de energias entre vós e os outros, e impele-vos para os braços do Deus vivente." "Venho esta noite, em nome de Deus, para declarar a todos os homens que a vida eterna é mantida pelo poder da chama violeta! Compreendeis o que isso significa, amados? Significa que o uso da chama violeta e do fogo sagrado dá a todos os homens o passaporte para a vida eterna, e não há outro meio de obterem a liberdade."[30][30]

Numa série de comunicações mais recentes, a Mestra Ascensa Kwan Yin teria concedido à humanidade sofredora um poderoso método de cura, que veio a ser conhecido como Magnified Healing (Cura Magnificada). Essa modalidade de cura seria antiquíssima, sendo que antes de 1983 só era usada nas dimensões superiores pelos Mestres Ascensos. Em 1992, pela intervenção direta da Mestra Kwan Yin, a Cura Magnificada do Deus Supremo do Universo teria sido facultada em sua forma expandida para o avanço espiritual da humanidade e da Terra. Com a disseminação desse processo de cura, já existem mais de 21 000 iniciados neste método em 52 países.

Magnified Healing foi dispensada originalmente a duas co-originadoras americanas: Kathryn Anderson e Gisèle King. Kathryn é uma Ministra Ordenada e mestre em Reiki, sendo uma Instrutora de instrutores. Gisèle é uma curadora, Ministra-Diretora do Movimento da Fraternidade Universal e mestre em Reiki.

Kathryn e Gisèle teriam recebido as Chaves finais da Ascensão aceitando o manto de Instrutoras-Mestras de Magnified Healing do Deus Supremo do Universo, por meio da Mestra Kwan Yin. A 3ª Fase do método de Cura da Luz ter-lhes-ia sido dada pelo Arcanjo Melchizedek, no final do ano de 1996.

AVALIAÇÃO DAS DOUTRINAS E PRÁTICAS

Avaliação é uma coisa séria. Para minimizar os perigos de possíveis erros de apreciação das práticas e conceitos apresentados na literatura canalizada sobre os Mestres Ascensos, procurarei ater-me aos fatos mais relevantes, sobre os quais as informações disponíveis permitem um nível aceitável de segurança nessa avaliação.

Em primeiro lugar, os seguidores dos Mestres Ascensos enfatizam práticas exteriores em detrimento da interiorização. Para entendermos o perigo dessa distorção devemos recordar que os dois esteios da vida espiritual são a autotransformação e a sintonia crescente com Deus. Para isso é indispensável a introspecção, ou seja, a mudança de foco do exterior para o interior. A auto-análise e a meditação são as práticas mais usadas para esses fins. Os seguidores dos Mestres Ascensos, no entanto, devotam horas às práticas externas sobrando pouco tempo, entusiasmo e convicção para as práticas internas, principalmente a meditação. Leadbeater, em suas considerações sobre o caminho iniciático, indica que um dos três obstáculos para a Segunda Iniciação é a superstição, que "inclui todas as espécies de crenças irracionais e errôneas, entre elas a de que os ritos e cerimônias externas são necessários para a purificação do coração. O Iniciado verifica que todos os métodos que nos são oferecidos pelas grandes religiões, tais como orações, sacramentos, peregrinações, jejuns e a observância de múltiplos ritos e cerimônias, não passam de meios auxiliares, e o homem prudente adotará disso o que ele achar útil para si, porém jamais considerará qualquer deles como suficiente para alcançar a salvação. Ele sabe definitivamente que tem de buscar a libertação em seu interior."[31][31]

A Ciência da Palavra Falada é a principal prática espiritual dos seguidores desse movimento. Realmente o Som, também referido como o Verbo, o Logos e a Palavra, é a energia mais poderosa do Universo. No entanto, o Som primordial, que deu início à manifestação do Universo, não pode ser tomado como uma palavra pronunciada por Deus, no sentido em que nós humanos a utilizamos no plano físico. Na realidade, Deus não é uma pessoa com boca e cordas vocais que pronuncia essa ou aquela palavra. Portanto, quando é mencionado em Gênesis que Deus disse: "Haja luz", algo simbólico está sendo comunicado a nós seres humanos, incapazes que somos de alcançar com nossa limitada mente concreta o que ocorreu no Imanifestado ao gerar o mais elevado plano espiritual da manifestação. Naquele momento, a ordem divina "ecoou" numa dimensão do espaço inteiramente diferente do nosso mundo, fazendo com que a vibração repercutisse de uma forma tal, que nós só poderíamos concebê-la, em termos de nossa experiência, chamando-a de Palavra de Deus. Reiteramos que quando tomamos as passagens da Bíblia em seu sentido literal estamos sujeitos a tirar conclusões inteiramente errôneas. Todas as escrituras sagradas são coletâneas de ensinamentos profundos velados pela linguagem da alegoria e do símbolo.[32][32]

Em alguns casos encontramos distorções sutis, como na mensagem a seguir, atribuída ao Senhor Maitreya: "Vários sistemas de meditação ióguica oferecem métodos para acalmar a mente do homem e produzir uma maior sintonia com o Divino. Alguns desses métodos tornaram-se arriscados quando aplicados pelo homem ocidental, pois exigem do praticante uma grande disciplina mental e espiritual. Os decretos, por outro lado, são relativamente simples de dominar uma vez compreendidos os princípios básicos, e muito mais eficazes."

Os métodos ióguicos "arriscados" são aqueles que envolvem a movimentação de energias, como o pranayama, o laya ioga, o kundalini ioga e o tantra ioga. No entanto, a sabedoria milenar, conhecendo esses perigos, estabeleceu a tradição de só transmitir a totalidade da prática por meio de um guru devidamente capacitado, que acompanha os primeiros exercícios de seu discípulo para assegurar que eles sejam realizados de forma correta e em segurança. Ainda que alguns livros pareçam ensinar algumas dessas práticas, ficam faltando sempre alguns passos fundamentais que só são transmitidos de boca a ouvido.

Também não nos parece correta a afirmação de que o decreto seja a forma mais elevada de comunicação com Deus, como sugerido na seguinte passagem: "Essa ciência milenar (a Ciência da Palavra Falada) combina oração, meditação e visualização com decretos poderosos – e é um avanço em relação a todas as formas de oração usadas no Oriente e no Ocidente." Os verdadeiros iogues e os místicos de todas as tradições sabem, por experiência própria, que justamente o oposto é correto. A oração falada sempre foi considerada a mais simples de todas as preces. A mais poderosa é a oração do silêncio, ou contemplação, em que o silêncio se estende até mesmo à mente. Os místicos conseguem por meio da contemplação alcançar a união com O Bem Amado, como descrito na obra clássica Castelo Interior ou Moradas, de Teresa de Ávila.[33][33] Esse também é o propósito central do ioga, a aquietação dos processos mentais, descrita na celebrada obra Ioga Sutras de Patanjali,[34][34] para que o iogue alcance o samadhi, ou união com Atma. "Deus é silêncio em vez de discurso. A coisa mais bela que o homem pode dizer de Deus é que, conhecendo Suas riquezas interiores ele torna-se silencioso. Portanto, não seja tagarela com Deus."[35][35]

Muitos cristãos surpreendem-se ao saber que a "oração do silêncio" foi ensinada por Jesus, há dois mil anos, como atesta a passagem: "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará" (Mt 6:6). Como a linguagem da Bíblia é simbólica, a seguinte interpretação é sugerida: entrar em nosso quarto, significa entrar em consciência na câmara secreta do coração. Fechar a porta, significa desligar-se dos ruídos do mundo e da mente. Orar ao Pai que lá se encontra, significa nos sintonizarmos com a Presença de EU SOU em nosso coração. Orar em segredo, significa aquietar a mente e permitir que no silêncio que se segue, possamos ouvir a Deus, e não nossas próprias palavras e pensamentos. Finalmente, a recompensa prometida, é sermos admitidos à Sua Presença.

Quanto à prática de repetição de decretos em voz alta, talvez outra orientação de Jesus apresentada no Sermão da Montanha seja pertinente: "Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes." (Mt 6:7-8).

As várias mudanças na Hierarquia anunciadas nas comunicações atribuídas aos Mestres Ascensos poderiam ser questionadas, a começar pela suposta renúncia de Sanat Kumara de seu posto de Senhor do Mundo. A tradição sabedoria ensina que esse grande Ser comprometeu-se a guiar a humanidade por todo o período de manifestação da Terra, como chefe da hierarquia espiritual de nosso Planeta e Iniciador Único. Encontramos em A Doutrina Secreta que esse augusto Ser "não deixará o seu posto senão no último dia deste Ciclo de Vida."[36][36]

É importante lembrar que o Senhor do Mundo expressa o aspecto poder (Primeiro Raio) do Logos em nosso Planeta, e o Senhor Buda o aspecto sabedoria (Segundo Raio). Se, porventura, o Senhor do Mundo deixasse seu cargo seu sucessor seria um Adepto do Primeiro Raio e não o Senhor Buda. Como todas as outras mudanças anunciadas na estrutura da Hierarquia dependem da veracidade da renúncia de Sanat Kumara a seu posto, achamos mais pertinente não tecermos argumentos sobre as outras mudanças subseqüentes, apesar de existirem claros indícios de que as coisas permanecem na Hierarquia como eram há um século atrás. Mudanças na Hierarquia são muito raras, especialmente nos mais altos níveis, onde um Grande Ser pode ocupar um posto por muitos milênios. Essa questão, não só é difícil de resolver com provas cabais, como é ainda, de certa forma, irrelevante para a vida espiritual. Nosso progresso espiritual não depende em absoluto de nos mantermos atualizados sobre as supostas novidades em Shambala.[37][37]

O aspirante deve se concentrar na autotransformação e em dar o passo seguinte na Senda, e não em gastar o precioso tempo que a Providência Divina lhe concedeu em especulações sobre a vida dos Grandes Seres. Vale a pena lembrarmos mais uma vez a recomendação do Mestre K.H., em sua última carta escrita em 1900: "O falatório acerca dos 'Mestres' deve ser silenciosa mas firmemente eliminado. Nós trabalhamos anônima e silenciosamente, e a contínua referência a nós mesmos e a repetição de nossos nomes gera uma aura confusa que atrapalha nosso trabalho."[38][38] Encontramos na tradição judaico-cristã um paralelo nos mandamentos apresentados por Moisés: "Não pronunciarás em vão o nome de Iahweh teu Deus" (Ex 20:7).

Talvez seja pertinente, porém, algumas observações sobre alguns membros da Hierarquia, mencionados na literatura dos Mestres Ascensos. Os novos Chohans que teriam assumido o Segundo e o Sexto Raio, os Mestres Ascensos Lanto e Nada, não são conhecidos na literatura esotérica tradicional, sendo mencionados pela primeira vez nas canalizações atribuídas aos Mestres Ascensos. No caso de Saint Germain e Kwan Yin os questionamentos são de outra natureza. É dito que Kwan Yin precedeu a Saint Germain como Chohan do Sétimo Raio e que essa transferência de cargo deu-se em 1954.[39][39] No entanto, na obra Os Mestres e a Senda, publicada pela primeira vez em 1925, é dito: "O Chefe do Sétimo Raio é o Mestre Conde de Saint Germain, personagem histórico do século XVIII, também conhecido como o Mestre Rakoczi."[40][40] Portanto, de acordo com a tradição oriental, o Conde de Saint Germain já era o Chohan do Sétimo Raio, bem antes de 1954, quando, de acordo com a literatura dos Mestres Ascensos, ele teria supostamente assumido essa alta função.

Com relação à Mestre Ascensa Kwan Yin, o problema é a personificação antropomórfica de um princípio impessoal. Kwan-Shi-Yin e Kwan-Yin, são nomes chinêses para os aspectos masculino e feminino de Avalokiteshvara. De acordo com A Doutrina Secreta: "Kwan-Shi-Yin é Avalokiteshvara, e ambos são formas do Sétimo Princípio Universal; enquanto que em seu caráter metafísico mais elevado, essa Divindade é a agregação sintética de todos os Espíritos Planetários, os Dhyan-Chohans. Ele é o 'Manifestado por Si Mesmo'; numa palavra, o 'Filho do Pai'."[41][41] Não podemos descartar a possibilidade de que tenha existido um Grande Ser, coincidentemente na China, chamada de Kwan Yin, que tenha se tornado um Mestre de Sabedoria. No entanto, em nenhuma parte da literatura esotérica, antes do aparecimento das revelações atribuídas aos Mestres Ascensos, qualquer referência foi feita a essa personagem. Ao contrário, Kwan Yin sempre representou um princípio e não uma pessoa.

A outra prática central atribuída aos Mestres Ascensos é a transmutação do carma por meio da chama violeta, de acordo com o ministério do Mestre Ascenso Saint Germain. Muitos decretos e rituais de cura estão voltados para esse fim. Em primeiro lugar, convém investigarmos o método pelo qual esse procedimento teria se tornado possível. Numa citação anterior, de material canalizado pela Summit Lighthouse, foi dito: "A dispensação permitindo que a chama violeta fosse posta à disposição dos discípulos neste século foi concedida pelos Senhores do Carma porque Saint Germain compareceu perante esse augusto conselho para advogar, como defensor da humanidade, a causa da liberdade." Em primeiro lugar, os Senhores do Carma, ou Lipikas, os "escribas" que registram todas as palavras e ações dos homens nesta Terra, como são conhecidos na literatura esotérica, "são os agentes do carma"[42][42] e não membros de um suposto conselho do carma. O carma sendo uma lei fundamental e inexorável da operação da manifestação não está sujeito a "deliberações" de um conselho. Tampouco os Mestres agem como políticos, de forma emotiva visando o impacto popular, procurando modificar uma lei irrevogável "advogando, como defensores da humanidade, a causa da liberdade."

A transmutação, porém, é uma realidade conhecida da alquimia. Como Saint Germain foi o maior alquimista conhecido, é natural que os rituais de transmutação sejam sempre referidos a Ele, principalmente quando é utilizada a chama violeta, instrumento de trabalho notório do Sétimo Raio. No entanto, existe uma grande diferença entre transmutar as negatividades de um indivíduo e transmutar seu carma. Quando falamos de transmutar negatividades, estamos nos referindo às tendências da natureza inferior da pessoa. Essas tendências, skandas de acordo com os budistas ou samskaras de acordo com os hinduístas, são os tiranos que escravizam os homens numa roda viva de repetições de atos, palavras e pensamentos negativos, que necessariamente resultam em sofrimento.

Mas transmutação de carma é outro departamento. O carma é uma das leis fundamentais do universo e, como tal, é imutável. Imaginemos, por exemplo, outra lei do universo, a da gravitação. O que iria ocorrer se um Grande Ser decidisse alterar um pouco a gravitação do planeta Terra, para que ele ficasse mais perto do Astro Rei, o Sol? Ou ainda acelerar ou retardar um pouco a rotação da Terra ao redor de seu eixo? Por pouco que fosse a alteração, o resultado seria uma catástrofe indescritível. Uma lei divina universal é, por definição, tautologicamente, universal e eterna. Não pode ser alterada.

Blavatsky afirma categoricamente que: "Os Mahatmas são os servos, não os árbitros da Lei do Carma."[43][43] Vemos nas Cartas dos Mahatmas várias passagens indicando a imutabilidade do carma: "A justiça absoluta não vê diferença entre os muitos e os poucos... Em nossa Fraternidade todas as personalidades submergem em uma idéia – o direito abstrato e a justiça prática absoluta para todos."[44][44] "Não podemos alterar o Carma, meu 'bom amigo', de outro modo nós dissiparíamos a nuvem atual que há sobre seu caminho. Mas fazemos tudo o que é possível nestas questões materiais."[45][45] "A vida e a luta pelo Adeptado seriam muito fáceis, se tivéssemos sempre varredores atrás de nós a limpar os efeitos por nós gerados em nossa inconsideração e presunção."[46][46] "Tendes especialmente de conservar em mente que a mais leve causa produzida, embora inconscientemente, e seja qual for seu motivo, não pode ser desfeita nem os efeitos detidos em seu progresso, nem mesmo por um milhão de Deuses, demônios e homens combinados."[47][47] Podemos em sã consciência imaginar que os sábios membros dessa Fraternidade, tendo afirmado de forma tão contundente a imutabilidade do carma, iriam mudar de idéia alguns anos mais tarde e passar a 'varrer atrás de seus devotos os efeitos gerados por seu carma?', ou 'transmutar as causas produzidas e seus efeitos, que nem mesmo um milhão de Deuses, demônios e homens combinados podiam desfazer?'

Jesus também pregou a imutabilidade do carma. Algumas passagens da Bíblia atestam esse fato, na linguagem simbólica que lhe é usual: "Porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei (do carma), sem que tudo seja realizado" (Mt 5:18). "Assume logo uma atitude conciliadora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz, ao oficial de justiça, e, assim, sejas lançado na prisão (da roda de renascimentos). Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo" (Mt 5:25-26). "Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a lei e os (ensinamentos dos) profetas" (Mt 7:12). Paulo também reiterou esse ponto fundamental da vida espiritual em várias passagens, sendo a mais direta: "Não vos iludais: de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá" (Gl 6:7).

A imutabilidade do carma coloca em cheque todas as reivindicações de práticas que prometem a transmutação parcial ou total do carma. A repetição de decretos e o processo de cura de Magnified Healing enquadram-se nessa categoria. Magnified Healing é certamente uma poderosa energia de cura. Tendo recebido algumas aplicações dessa energia, posso afirmar que senti a energia atuando em meu corpo. Tudo leva a crer que Magnified Healing poderia ser considerado um "super-Reiki" ou "Reiki magnificado." Essa hipótese ganha força quando verificamos que as duas americanas disseminadoras originais do processo já eram mestras de Reiki por muitos anos. Ainda que Magnified Healing seja comprovadamente uma poderosa energia de cura, atuando sobre os corpos sutis do ser humano, as considerações expostas acima, sobre a imutabilidade do carma como uma lei universal, põem em questionamento a reivindicação de que a dimensão espiritual dessa energia também poderia transmutar o carma do "paciente." É interessante notar que a aplicação dessa energia, dispensada pelo 'Deus Supremo do Universo,' pode ser cobrada dos "pacientes," em contraste com a antiga lei oculta de que as energias espirituais não podem ser objeto de comercio. Nesse particular nossos irmãos espíritas são mais coerentes: os 'passes', a participação em rituais de cura e até mesmo as operações espirituais não são cobradas, ainda que os beneficiários possam contribuir de livre e espontânea vontade para a manutenção da obra. O estudante de esoterismo teria muito a aprender sobre essa questão em Palmelo, cidade goiana onde existem dezenas de indivíduos e instituições voltados para a cura espiritual.

Voltando ao carma, a Lei divina estabelece que a semeadura é opcional, mas a colheita é obrigatória. Mesmo os chelas e iniciados estão sujeitos à Lei. Isso nos remete ao ponto seguinte, a suposta aceleração do processo evolutivo, possibilitando a um discípulo tornar-se um Mestre Ascenso transmutando somente 51 por cento de seu carma.

A milenar tradição esotérica postula que, para receber a Quarta Iniciação, o Iniciado tem que quitar todo seu carma pendente. Essa é a razão porque alguns neófitos estranham o fato de certos santos e notórios servidores da humanidade, que ao longo da vida mostraram desprendimento, sabedoria, amor ao próximo e bondade para com todos os seres, sofrerem todo tipo de infortúnio, doenças e até mesmo perseguições. Talvez um ou dois exemplos facilitem o entendimento da Grande Lei. O saudoso Chico Xavier passou a vida fazendo o bem, mas foi várias vezes injuriado e durante toda a sua vida sofreu de uma ou outra doença. Com seu conhecido bom humor, dizia que, apesar de uma vida celibatária, sempre foi assediado por duas senhoras: Glaucoma e Angina, que não lhe deixavam em paz (com terríveis dores nos olhos e no coração).

A indômita Helena Blavatsky renunciou a tudo para viver exclusivamente a serviço do mundo, tendo sido difamada, injuriada e passado por necessidades materiais e enfermidades dolorosas, permanecendo, porém, sempre firme no serviço de seu Mestre. Dois fatos relacionados à imutabilidade do carma aparecem de forma curiosa na vida de Blavastky. Numa batalha pela unificação da Itália, recebeu um tiro, ficando a bala alojada perto da coluna, causando-lhe dores e desconforto. Apesar dos médicos não poderem retirar a bala ela, com seus poderes ocultistas, poderia desmaterializar o projétil. No entanto, não tinha permissão para faze-lo, pois estaria infringindo a lei do carma e usando poderes ocultos em benefício próprio. Num determinado momento enquanto estava trabalhando na sua grande obra, A Doutrina Secreta, seu corpo combalido não dava mais sinais de resistir aos inúmeros problemas de saúde que enfrentava. O médico que a acompanhava já dava como certa a sua morte. Nesse instante, porém, seu Mestre apareceu em corpo físico e perguntou se ela queria por um fim ao seu sofrimento ou preferia continuar a viver para terminar seu trabalho. Blavatsky não hesitou em decidir pela continuação do trabalho. Seu Mestre, então, reanimou seu corpo dando-lhe uma sobrevida, porém, sem curar as doenças que tinha, ou seja, sem mudar seu carma.

A única explicação para essas aparentes incoerências do carma, nos casos de Chico Xavier, Blavatsky e tantos outros servidores da humanidade, é o fato de que esses grandes iniciados estariam resgatando o restante de seu carma ainda pendente de vidas passadas, para capacitá-los à Quarta Iniciação, que os tornariam Arhats, seres que não mais precisam encarnar, se optarem por entrar em Nirvana. A vida de sofrimento dos candidatos à Quarta Iniciação é, certamente, equivalente a uma verdadeira "crucificação" ainda que, no seu devido tempo, as atribulações sejam substituídas pela glória da "ressurreição."

A possibilidade de uma aceleração no processo evolutivo por meio de certas práticas é, sem dúvida, um grande incentivo para qualquer aspirante. No entanto, o famoso Caminho Acelerado de que trata a tradição esotérica, é o árduo Caminho da Iniciação, para o qual existem regras milenares rígidas seguidas pela Grande Hierarquia. A tradição menciona que o homem passa simbolicamente por 777 encarnações, desde sua individualização como ser humano até tornar-se um super-homem, um Iniciado do Quinto Grau, um Mestre de Sabedoria. As primeiras 700 encarnações simbolizam o longo caminho do homem mundano, materialista, vivendo para a gratificação dos sentidos. As 70 encarnações seguintes simbolizam o considerável período de desenvolvimento intelectual e moral, levando ao despertar espiritual, até tornar-se um discípulo aceito preparando-se para a Primeira Iniciação. As últimas 7 encarnações simbolizam o Caminho Acelerado, o número de encarnações necessárias para aquele que "entrou na corrente" atingir "a outra margem," ou seja, trilhar o Caminho Iniciático da Primeira à Quinta Iniciação.

Esses números de encarnações, obviamente são simbólicos. Podem ser mais ou menos, dependendo do empenho de cada alma. O que é importante é a ordem de grandeza das três grandes etapas: a etapa das Iniciações representaria um décimo do tempo da etapa de evolução intelectual e moral, e essa um décimo da etapa da vida do homem comum, inteiramente mundana, egoísta e materialista.

Em contraste com essa experiência milenar, a literatura dos Mestres Ascensos acena com uma notável aceleração do processo. Por exemplo, é dito que o discípulo dedicado pode passar da Terceira Iniciação para a Ascensão em seis anos de trabalho intenso. Somos informados, também, que os principais "canais" desses movimentos, chamados de "mensageiros dos Mestres" teriam alcançado a Ascensão, ou seja a Sexta Iniciação, enquanto se supõe que Blavatsky e Chico Xavier não alcançaram mais do que a Quarta Iniciação. Guy Ballard teria se tornado o Mestre Ascenso Godfre e Mark Prophet o Mestre Ascenso Lanello.

Espera-se que um ser que "ascendeu" tenha tido uma longa série de encarnações à serviço da humanidade. Esse parece ter sido o caso dos dois grandes mensageiros dos Mestres Ascensos. Ballard relatou ter-se encarnado anteriormente como George Washington, e os reis da Inglaterra Henrique V e Ricardo I (Ricardo Coração de Leão). No caso de Mark Prophet, sua viúva informa-nos que em vidas passadas ele teria sido: Noé, Ló, Ikhnaton, Esopo, o discípulo Marcos, Orígenes, Lancelote, Bodhidharma, Saladino, Boaventura, Luís XIV e Longfellow.

Obviamente não nos compete questionar a nobre linhagem desses mensageiros dos Mestres Ascensos, pois não temos credenciais para tanto. No entanto, devemos lembrar que o Noé da Bíblia é um personagem mítico. Ele representa o poder criativo masculino, sendo também a personificação de um dos dez Sephiroth.[48][48] Nas palavras de Geoffrey Hodson: "Noé é a personificação do ocupante de uma Função (Manu) no Governo Espiritual dos Sistemas Solares, Cadeias, Rondas, Planetas e Raças. Noé representa mais especialmente os Manus Raiz e Semente, cuja vocação é de absorver e preservar dentro de suas auras (arcas), durante os Pralayas (dilúvio), as sementes das coisas vivas e as Mônadas dos homens. Essas eles entregam aos seus sucessores no início do Manvantara seguinte (a dispensação após o dilúvio)."[49][49]

È provável, portanto, que tenha havido um engano nas informações canalizadas por Elizabeth Prophet. Não é possível que Mark Prophet tenha se encarnado como Noé. É dito que na Hierarquia Terrena, um Manu é um Iniciado do Sétimo Grau.[50][50] Portanto, se Mark porventura tivesse sido Noé, teria regredido em vez de evoluir, pois, após várias encarnações, teria alcançado no século passado outra vez o nível de um Mestre Ascenso, ou seja a Sexta Iniciação, na terminologia da Summit Lighthouse. Esse fato levanta uma dúvida: erros semelhantes também não poderiam ter ocorrido em outras partes do material canalizado por Elizabeth Prophet e pelos outros mensageiros dos Mestres Ascensos? Nesse caso, que grau de confiança podemos ter no material canalizado?

CONCLUSÕES

É dito que existem tantos Caminhos como existem seres humanos e que as necessidades de cada um mudam com o passar do tempo. Assim como as brincadeiras de criança dão lugar aos esportes e à busca da sensualidade no adolescente, mais tarde aos jogos de poder no adulto e, finalmente, no homem maduro ao anseio espiritual, assim também, o buscador da verdade passa por diferentes etapas em sua jornada. Em cada etapa da vida teremos novos desafios. Assim como a fruta só aparece na estação certa, no ser humano o amadurecimento espiritual virá no seu devido tempo, e a Providência Divina colocará ao nosso alcance as circunstâncias mais favoráveis ao nosso progresso. Cabe a cada um, porém, discernir o que lhe é mais apropriado e tomar as ações devidas para aproveitar as oportunidades ao seu alcance.

Porém, devemos ter sempre em mente que todas as informações, instruções e revelações do exterior, estejam elas contidas nas Sagradas Escrituras, livros inspirados, nas palavras de grandes sábios ou em mensagens canalizadas, são meramente meios para um fim. O objetivo último de toda a vida espiritual é a experiência interior de unidade com o Todo e com todos, ou a união com Deus, como dizem os místicos. Nas palavras de Lama Govinda, "Os instrutores tibetanos sempre enfatizam o fato de que a verdade última não pode ser expressa em palavras, mas somente experimentada em nosso interior. Portanto, nossas crenças não são importantes, mas sim o que nós experimentamos e praticamos, e como isso afeta a nós mesmos e o ambiente que nos cerca."[51][51]

Aqueles que se sentem confortáveis em sua tradição ou movimento, nele encontrando tudo o que seu coração pede, devem aproveitar para mergulhar fundo em seus estudos e, principalmente, em suas práticas. Devemos ter em mente, porém, que cada um de nós é um diamante em processo de lapidação. Existem inúmeras facetas dessa pedra preciosa que precisam ser buriladas. Em geral, precisamos mudar de posição ou a direção do movimento, para burilar uma nova faceta. Por isso devemos ter em mente a sabedoria milenar contida na preciosa obra: Luz no Caminho. Nela somos instados a buscar o caminho: "Busca o caminho, retirando-te para o interior. Busca o caminho, avançando resolutamente para o exterior. Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho, nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa observação da vida. Nenhuma dessas coisas por si só faz adiantar ao discípulo mais que um passo. Todos os degraus são necessários para subir a escada."[52][52]

Por essa razão, convém ao buscador estar sempre atento a outros enfoques, a outras doutrinas, além daquelas professadas por sua religião, movimento ou tradição. É dito que uma das melhores maneiras de entendermos as doutrinas de nossa religião é estudarmos outra religião. Como estaremos começando do princípio e, no caso da "religião dos outros," não seremos tolhidos por questões de fé doutrinária, torna-se mais fácil estudarmos e questionarmos até entendermos os pontos fundamentais dessa outra religião. Isso invariavelmente nos remeterá a vários pontos paralelos de nossa própria religião, que anteriormente haviam sido aceitos mesmo sem ser entendidos. Como todas as religiões originam-se da mesma fonte e levam ao mesmo objetivo, não é de se estranhar que venhamos a encontrar inúmeras concordâncias ou paralelos em seus aspectos fundamentais. A teosofia, a sabedoria divina, é exatamente a essência esotérica fundamental que está por trás de todas as grandes religiões e tradições.

Para meus queridos irmãos, seguidores dos ensinamentos dos Mestres Ascensos, que ainda estão lendo com pertinácia este ensaio, apesar dos questionamentos levantados, sugiro simplesmente que procurem ler as cartas dos Mestres publicadas originalmente no século passado, e disponíveis agora em português.[53][53] Algumas pessoas talvez prefiram ler inicialmente o livreto: Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria,[54][54] que apresenta citações selecionadas, relacionadas com as principais virtudes requeridas na vida espiritual. Com essa leitura terão um termo de comparação entre o estilo e a doutrina ensinada pelos Mestres no final do século XIX e aquela apresentada atualmente pelo material canalizado atribuído aos Mestres Ascensos. Se esse estudo indicar que não existe grande diferença entre as duas fontes, então poderão prosseguir com consciência tranqüila de que estão tomando todos os cuidados possíveis para caminhar sempre em terreno sólido. Se, no entanto, descobrirem que existem diferenças importantes de métodos de instrução e de doutrina, terão então uma oportunidade para desenvolver seu discernimento e testar até que ponto a intuição é capaz de guiar sua vida.

Não há dúvida de que o anseio por receber instrução do Mestre é legítimo. Porém não podemos nos esquecer de duas máximas do ocultismo. A primeira é que: "Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece." Será que realmente estamos prontos para ser instruídos pelos verdadeiros Mestres? Estamos prontos para enfrentar uma disciplina de treinamento mais exigente e rigorosa do que a dos atletas olímpicos, não só por alguns meses ou anos antes da competição, mas por toda nossa vida? Estamos prontos para assumir o compromisso de servir à humanidade, sem nenhuma distinção, por séculos e milênios sem fim, até que o último ser humano seja salvo? Estamos prontos para renunciar ao nosso conforto, aos nossos interesses pessoais e até mesmo aos nossos bens, para executar o trabalho do Mestre? Estamos prontos a continuar a servir, mesmo quando vilipendiados e injuriados? Estamos realmente conscientes de todas as implicações de nossa eventual aceitação como discípulo do Mestre?

A segunda máxima, uma extensão da lei do carma, é de que "Cada um tem o Mestre que merece." Somente o próprio indivíduo pode avaliar o grau de sua pureza de coração, de seu altruísmo, de sua entrega à Deus, de seu amor incondicional por todos os seres, de sua humildade e de seu discernimento, para saber que tipo de Mestre ele merece.

O livreto apropriadamente intitulado Aos Pés do Mestre, de autoria de Krishnamurti, menciona que existem quatro qualificações para Senda. "A primeira dessas qualificações é o Discernimento, usualmente tomado no sentido da distinção entre o real e o irreal, que conduz o homem a entrar na Senda. É isso; mas é também muito mais, e deve ser praticado não somente no início da Senda, mas a cada passo, todo o dia, até o fim."[55][55] Os Grandes Instrutores alertam repetidamente que todo discípulo está se preparando para tornar-se um Mestre e, portanto, deve desenvolver seu intelecto, percepção e discernimento ao ponto de jamais ser enganado pelas ilusões do mundo. Se aspiramos a nos tornar discípulos, devemos também desenvolver o discernimento, investigando todos os ângulos da doutrina que nos for apresentada. Essa era uma recomendação constante do Senhor Buda: submetermos sempre ao crivo da mente e do coração os ensinamentos que nos são passados pelos sábios e pelas Escrituras, incluindo até mesmo a doutrina que ele havia ensinado. A fé cega leva ao fanatismo e à estagnação. A fé consciente, ao contrário, leva ao crescimento e, no seu devido tempo, à iluminação.

Que a Luz Divina ilumine nossas mentes e fortaleça a nossa determinação, para que possamos trilhar o árduo Caminho da Perfeição que leva, no seu devido tempo, aos pés do Mestre.








[1][1] O autor é um estudante da tradição cristã, tendo publicado os livros: Pistis Sophia, os Mistérios de Jesus (Bertrand Brasil, 1997) e Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã (Pensamento, 1999)

[2][2] Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett. Sua 1ª edição foi publicada em inglês em 1923, e publicada em português, em 2001, pela Editora Teosófica.

[3][3] C. Jinarajadasa, Cartas dos Mestres de Sabedoria, publicada pela primeira vez em inglês em 1919, e em português em 1996, pela Editora Teosófica.

[4][4] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 85.

[5][5] Artigo de H.P. Blavatsky sobre Precipitação publicado originalmente no The Theosophist e reproduzido no livro: Five Years of Theosophy (Londres, Reeves and Turner, 1885), pg. 519.

[6][6] Vernon Harrison, H.P. Blavatsky and the SPR (The Theosophical University Press, 1997)

[7][7] Material contido na página da net da Summit Lighthouse do Brasil versando sobre o Mestre Ascenso El Morya Khan.

[8][8] "Nós deixamos que nossos candidatos sejam tentados de mil maneiras diferentes, de modo que venha para fora a totalidade da sua natureza interna, e deixamos a esta a possibilidade de vencer de uma maneira ou de outra." Cartas dos Mahatmas, Vol. II, pg. 98

[9][9] Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica, 2003), pg. 190.

[10][10] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 43.

[11][11] The Mahatma Letters to A.P. Sinnett, compiled by A. Trevor Barker, The Theosophical University Press, California, 2nd. Edition, pg. 363.

[12][12] Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Editora Teosófica, vol I, pg. 36.

[13][13] "Somente os adeptos, isto é, os espíritos encarnados – estão proibidos pelas nossas leis sábias e intransgressíveis de sujeitar completamente uma outra vontade mais fraca – de um homem que nasceu livre. Este último procedimento é o adotado preferencialmente pelos 'irmãos da sombra', os feiticeiros, os fantasmas elementais." Cartas dos Mahatmas, op.cit., Vol. I, pg. 115-116.

[14][14] C. Jinarajadasa (compilador), Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica), pg. 106-7.

[15][15] C. W. Leadbeater, Os Mestres e a Senda (Editora Pensamento), pg. 114-115.

[16][16] Condessa Constance Wachtmeister, Reminiscências de H.P. Blavatsky e de A Doutrina Secreta, Editora Pensamento, pg. 25-26.

[17][17] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 124.

[18][18] Seres humanos que alcançaram a mais alta iluminação, que os capacita a entrar no estado de inconcebível bem-aventurança conhecido como Nirvana, mas que optam pelo sacrifício de permanecer na esfera terrena, para trabalhar em benefício da humanidade sofredora.

[19][19] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 125.

[20][20] Cartas dos Mahatmas, Vol. II, pg. 152.

[21][21] Vide, Alice Bailey, The Unfinished Autobiography, N.Y., Lucis Publishing Co., 1951.

[22][22] Vide: Geoffrey Hodson, A Vida do Cristo do Nascimento à Ascensão (Brasília, Editora Teosófica, 1999); Annie Besant, O Cristianismo Esotérico (Editora Pensamento; C.W. Leadbeater, A Gnose Cristã (Brasília, Editora Teosófica); Alice A. Bailey, From Bethlehem to Calvary, The Initiations of Jesus (N.Y., Lucis, 1981); Rudolf Steiner, From Jesus to Crist (Sussex, Rudolf Steiner Press, 1991); e Raul Branco, Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã (Editora Pensamento, 1999).

[23][23] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 197.

[24][24] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 209-210.

[25][25] Mark e Elizabeth Prophet, A Ciência da Palavra Falada (Summit Lighthouse do Brasil), pg. 127.

[26][26] A Ciência da Palavra Falada, contracapa.

[27][27] A Ciência da Palavra Falada, pg. XXIII.

[28][28] A Ciência da Palavra Falada, pg. 20.

[29][29] A Ciência da Palavra Falada, pg. 62.

[30][30] A Ciência da Palavra Falada, pg. 77, 82 e 117.

[31][31] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 188-9.

[32][32] Vide: Geoffrey Hodson, A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada (no prelo).

[33][33] Santa Teresa de Jesus, Castelo Interior ou Moradas (Paulus, 1981).

[34][34] Vide: I. K. Taimni, A Ciência do Ioga (Editora Teosófica).

[35][35] Pensamentos de Eckhart e Sankara, dois dos maiores místicos do Ocidente e Oriente, citados por Rudolf Otto, "Mysticism East and West," (The McMillan Co., N.Y., 1932), pg. 31.

[36][36] H.P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, Vol. I, pg. 246.

[37][37] Cidade mitológica, noutra dimensão, em que é dito residem os Grandes Seres.

[38][38] Cartas dos Mestres de Sabedoria, op.cit., pg. 107.

[39][39] Informação apresentada na página da net, versando sobre Magnified Healing e a Mestra Kwan Yin.

[40][40] C.W. Leadbeater, Os Mestres e a Senda, op.cit, pg. 242-243.

[41][41] H.P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, vol. II, pg. 180.

[42][42] H.P. Blavatsky, Glossário Teosófico (Editora Teosófica).

[43][43] "Chelas and Lay Chelas", artigo originalmente publicado na revista The Theosophist reproduzido em Five Years of Theosophy (Londres, Reeves and Turner), pg. 55.

[44][44] Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, op.cit., Vol. II, pg. 260.

[45][45] Op.cit., Vol. II, pg. 318.

[46][46] Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica, 2003), pg. 136-7.

[47][47] Meditações. op.cit., pg. 141.

[48][48] Geoffrey Hodson, The Hidden Wisdom in the Holy Bible, vol. II, pg. 53. Esta obra será publicada em breve em português.

[49][49] The Hidden Wisdom in the Holy Bible, op.cit., vol. II, pg. 168.

[50][50] Vide C. Jinarajadasa, Fundamentos de Teosofia (Pensamento), pg. 209.

[51][51] Lama Govinda, Insights of a Himalayan Pilgrim (Dharma Press), pg. 38

[52][52] Mabel Collins, Luz no Caminho (Editora Teosófica)

[53][53] Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, em dois volumes (Editora Teosófica), e Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica).

[54][54] Também publicado pela Editora Teosófica.

[55][55] Aos Pés do Mestre, op.cit., pg. 14.